Empresárias debatem os desafios das pequenas e médias empresasFoto: Vinícius Magalhães/Firjan
Dentro da programação da comemoração do Dia da Indústria organizada pela Firjan, em 23/5, um debate sobre a realidade brasileira entre pequenas e médias empresas lideradas por mulheres atraiu cerca de 600 pessoas na sede da federação. Representantes femininas dos setores de metalurgia, construção civil, têxtil e de cachaça deram sugestões para enfrentar os desafios da atualidade. A mediação ficou por conta de Carlos Erane de Aguiar, 2º vice-presidente da federação, e Carlos Fernando Gross, 1º vice-presidente da Firjan CIRJ.
Sobre incentivos ao comércio exterior, Isadora Landau Remy, presidente da Werner Tecidos, de Petrópolis, na Região Serrana, e presidente do Sindtêxtil, ressaltou a necessidade de mudança no programa federal sobre remessa, que isenta de imposto de importação produtos de até US$ 50. “Há uma discussão acalorada no Congresso Nacional sobre essa questão. Como competir com o incentivo dado por grandes potências mundiais a indústria deles?” Para a empresária, a indústria nacional pode competir no exterior por ser inovadora, mas precisa de políticas públicas no âmbito federal. Isadora considera que a Nova Indústria Brasil (NIB) pode ser uma oportunidade, mas as dores dos empresários devem ser ouvidas.
O combate à ilegalidade foi uma das bandeiras apresentadas por Katia Alves Espírito Santo, sócia produtora da Cachaça da Quinta, do Carmo, no Centro-Norte Fluminense, e presidente da Apacerj. “O Brasil tem cerca de mil produtores de cachaça. Para cada um legal, são 10 ilegais que chegam nos pontos comerciais. E de cerca de 1 bilhão de litros de cachaça produzidos no país, só 10 milhões são exportados. Importante lembrar que aqui temos mulheres representando setores tradicionalmente liderados por homens”. Katia destacou que o produto é de forte apelo como conteúdo local, mas que falta uma política nacional para que a cachaça seja mais exportada e traga um importante retorno para pais.
Para falar de competitividade entre as empresas nacionais, Débora Caride de Carvalho, diretora comercial da Metalúrgica Barra Mansa, no Sul Fluminense, lembrou que a tradição do setor na região começou em 1937. “Uma medida que possibilitou a diminuição do preço na aquisição da matéria-prima e foi muito importante para as pequenas empresas também abriu as portas para a concorrência do produto importado”.
Debora enfatizou que o país possui todas as políticas e instrumentos, mas o setor metal mecânico precisa de aporte maior de investimento e sofre há anos com a desindustrialização. Por isso, precisa de muito incentivo ao crédito. Ela defendeu ainda a necessidade de mais financiamento para os setores de Defesa, como o naval e o militar. “Deveria ser usado o payback para avaliar o crédito e exigir menos garantias”, sugeriu.
Já Elissandra Candido Alves Silva, diretora da KVG Engenharia, de Volta Redonda, também no Sul Fluminense, e presidente do Sinduscon-SF, debateu os incentivos domésticos ao setor. “É preciso inserir a pequena e média empresa na NIB e alinhar as três esferas de poder: municipal, estadual e federal. O Minha Casa, Minha Vida é considerado um dos melhores projetos do mundo em habitação, mas faltam recursos, investimentos em tecnologia e formação de mão de obra”. Para a empresária, é uma questão cultural, uma vez que muitos jovens trabalhadores não querem se capacitar. Ela defendeu também condições de igual valor para todos os segmentos, inserindo mais as mulheres.