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Competitividade / Economia do Rio

Vida longa às gráficas: conheça quatro estratégias de negócios de um setor em transformação

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Publicado em 22/09/2022 14:29  -  Atualizado em  21/10/2022 14:09

Reportagem da Carta da Indústria

Quando a pandemia teve início, em março de 2020, a Zit Participações, situada na capital, tinha acabado de acertar a compra de um novo equipamento a um custo de US$ 1,5 milhão. A aposta não era alta para quem acredita na permanência do livro físico. Tanto que a máquina, de origem japonesa e única no estado, faz justamente acabamento de livros, com mais qualidade, menos custo e tempo de entrega menor.

“A tecnologia eleva a produtividade. O que antes operávamos com três ou quatro turnos, hoje produzimos duas vezes mais em um turno só”, compara Sandro Meneghetti, diretor comercial do grupo, que atribui exclusivamente a essa máquina um aumento de 20% no faturamento neste primeiro semestre, em comparação com o mesmo período de 2021.

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O investimento na máquina de acabamento Horizon CABS6000 permitiu à Zit um aumento de 20% no faturamento

 

A certeza da existência de mercado para o livro impresso decorre de análise e estratégia de negócio bem moldada à realidade. A nova máquina, por exemplo, é voltada para média tiragem. “Na nossa visão, o livro físico vive de forma complementar a todas as versões e formas digitais de aplicação, como o ebook e o audiobook”, explica.

A empresa, que nasceu meio século atrás apenas com uma gráfica na capital fluminense, há muitos anos vem incorporando outros braços: um grupo editorial, uma startup de tecnologia e comércio eletrônico e uma empresa de armazenagem e logística. De acordo com Meneghetti, a trajetória acompanhou os desafios enfrentados pelos clientes, a fim de oferecer uma solução completa.

“Em 2003, veio a editora, hoje um grupo com seis selos. Em meados de 2009, percebendo que o mundo caminhava para a tecnologia, montamos a Bellatrix, para testar operações novas. Posteriormente, começamos a cruzar toda operação da gráfica com a editora e com a empresa de tecnologia, enxergando o mercado de uma maneira muito diferente. A tecnologia é uma aliada e não uma adversária”, afirma Meneghetti.

Transformação digital

A escalada da Zit Participações é um dos muitos exemplos das transformações vividas no mundo pela indústria gráfica, cada qual com suas particularidades, mas todas em processo constante de adaptação. “No final do século passado, sofremos uma modificação muito grande. A tecnologia vem desde essa época, com substituição dos equipamentos mecânicos. Em contrapartida, o setor faz uma convergência grande com os demais, pois todos os segmentos usam o produto gráfico, e existem também as demandas das pessoas físicas”, avalia Carlos Di Giorgio, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas do Município do Rio de Janeiro (Sigraf).

E acrescenta: “Entra num supermercado! É só embalagem!”, observa ele, que dá nome ao Complexo Firjan SENAI SESI Carlos Augusto Di Giorgio Sobrinho, no Maracanã, centro de referência em artes gráficas. As embalagens, aliás, representam hoje cerca de 15% do faturamento de sua própria gráfica, o que significa praticamente o dobro de cinco anos atrás, quando oscilava na casa dos 8%. A pandemia impulsionou esse mercado na Di Giorgio Impressores, que atua em diferentes subsegmentos.

O promocional, aquele dos folhetos publicitários, foi o que mais sofreu redução: há 20 anos eram 80% dos trabalhos executados; hoje, são apenas 10%, compara Vicente Di Giorgio, diretor industrial da empresa, que usa as mudanças tecnológicas para desenvolver novos produtos e atender novos mercados. Um deles veio com o lançamento de uma plataforma de self-publishing (autopublicação), há mais de 15 anos.

“Democratizou o acesso à publicação, porque permitiu tiragens menores. Esse nicho representa de 15% a 20% do faturamento da gráfica hoje. Já fizemos um milhão de livros impressos sob demanda. São 12 mil títulos, com volume médio de 80 unidades”, contabiliza.

Embalagens especiais

Na Holográfica, também instalada na capital, a adaptação teve início há cerca de 10 anos. Até aquele momento, o forte da empresa era o subsegmento promocional, com folheteria, folder, catálogos etc. “Começamos a perceber que o mercado de embalagens especiais era pouco explorado, não só no Rio de Janeiro, mas de maneira geral no Brasil, e essa sempre foi a minha paixão. Fiz – e faço – diversas viagens internacionais focando esse segmento, para trazer o que há de inovador, diferente e complexo para cá”, conta Renata Daflon, diretora de operações.

A empresa começou então a investir principalmente em mão de obra especializada e em conhecimento, para fortalecer sua imagem como uma gráfica de projetos especiais. “Fomos felizes nessa escolha. Não vendemos papel, e sim solução para o projeto dos clientes”, diferencia.

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A Holográfica se especializou em embalagens e caixas especiais e vê esse mercado em crescimento

 

Para chegar a esse ponto, investiu em máquinas de acabamento e, principalmente, em inovação e sustentabilidade. Já como parte da estratégia, houve investimento em ecodesign. Uma mudança que vem favorecendo a Holográfica, nestes últimos dois anos, tem sido a conversão de embalagens de plástico para o papel. Uma das premissas de desenvolvimento de um produto envolve o estudo sobre quanto menos matéria-prima é possível gastar na embalagem. Outro pilar busca como fazer uma peça com o menor volume possível, para gerar menos custo de envio e menos pegada de carbono para o cliente.

Venda direta on-line

Valter Zanacoli Junior, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas de Petrópolis (Sigrap), na Região Serrana, lembra ainda de outras mudanças no mercado, entre elas o uso dos canais digitais para chegar ao cliente, o que reduz custos, e o investimento em marketing digital. Além de contar com parceiros, as vendas também podem ser diretas, por meio de sites próprios, a exemplo do que passou a fazer a Editora Vozes, onde Zanacoli é chefe do Departamento Jurídico.

“Investimos nos canais digitais, tanto para chegar ao novo cliente, como para proporcionar uma gestão de negócio para ele, e isso tem gerado bons resultados”, ressalta Zanacoli, que mensura um crescimento de quase 20% no faturamento e de 8% a 10% na clientela, no primeiro semestre ante o mesmo período de 2021.

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Os livros lançados em caixas são uma das estratégias da Gráfica e Editora Vozes, que agora também tem canal próprio de vendas

 

Ele atribui o resultado à conquista de mais clientes, graças à criação de produtos diferenciados e à busca de novos autores em algumas áreas do conhecimento. Um exemplo é a formação de uma equipe de especialistas na área de catequese, que está trabalhando para desenvolver produtos inovadores nesse campo. Outras estratégias têm sido editar versões resumidas de livros mais densos ou elaborar publicações em volumes, lançados numa caixa atrativa para o leitor.

Tanta mudança requer profissionais qualificados. “Todos os sindicatos da indústria gráfica solicitaram a oferta de vagas no Programa de Qualificação Setorial da Firjan SENAI, em cursos como Designer Gráfico Editorial e Designer Gráfico de Embalagens, o que decorre dessa movimentação no setor”, finaliza Carla Geraldo, especialista técnica de Educação da instituição.

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