
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira durante abertura do seminárioFoto: Marcelo Martins / Firjan
Como fazer para unir o Rio de Janeiro? Essa é a pergunta que Zuenir Ventura, autor de “Cidade partida”, deixou para discussão no seminário “Cidade Partida - 30 anos depois”, realizado em 27 e 28/08, na Casa Firjan. O evento, uma iniciativa da Firjan SESI, da Blooks Projetos e da Mina Comunicação e Arte, reuniu 25 palestrantes em seis mesas de debates com temas como mobilização social, comunicação, cultura, violência, territórios, preconceitos, religião e poder, inspiradas em capítulos da publicação e em frases de autor.
Em entrevista exibida em um trecho do trailer de um documentário que está sendo produzido sobre a obra, Zuenir enfatizou que o “Rio não é mais só uma cidade partida, ela é tripartida”, comparando a realidade da capital carioca e do Brasil de hoje a de 1994, quando o livro foi publicado.
No dia 28/08, também foi lançado o livro “Cidade Partida - 30 Anos Depois”, de autoria coletiva, para homenagear Zuenir Ventura. A publicação, com organização de Elisa Ventura, Isabella Rosado Nunes e Mauro Ventura, traz sete artigos assinados por pensadores da cidade – Eliana Sousa Silva, Itamar Silva, Luciana Bezerra, Luiz Eduardo Soares, Silvia Ramos, Tainá de Paula e Viviane Costa – e entrevistas com personagens da obra original: Caio Ferraz, José Júnior, Manoel Ribeiro, Rubem César Fernandes e DJ Marlboro.
Não queremos cidades partidas, mas cidades que permitam que as pessoas se realizem, trabalhem e sejam felizes. Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan.
O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, declarou, no encerramento do evento, que a obra de Zuenir Ventura faz uma provocação para reflexão. Ele lembrou que, em sua posse como presidente da Firjan, um ano depois da publicação da obra, já havia destacado que não é possível ter empresas bem-sucedidas em uma sociedade completamente partida e que era preciso que todos trabalhassem para evitar esse atraso social.
Eduardo Eugenio comentou também que, hoje, o crime está ainda mais organizado, infiltrado em estruturas formais do estado e que isso precisa ser enfrentado pelos governos. "Não queremos cidades partidas, mas cidades que permitam que as pessoas se realizem, trabalhem e sejam felizes”, concluiu.
 |
Carlos Fernando Gross, 1º vice-presidente da Firjan CIRJ, em abertura do seminário.
Foto: Vinicius Magalhães / Firjan. |
O trabalho do Zuenir Ventura foi um desafio, uma provocação para que a sociedade se mobilizasse e tomasse atitudes e procedimentos para corrigir aquela distorção inaceitável. Carlos Fernando Gross, 1º vice-presidente do CIRJ.
Carlos Fernando Gross, 1º vice-presidente do CIRJ, disse, durante a abertura do seminário, que a injustiça social abordada na obra original é um tema de 30 anos, que não se ultrapassa. “O trabalho do Zuenir Ventura foi um desafio, uma provocação para que a sociedade se mobilizasse e tomasse atitudes e procedimentos para corrigir aquela distorção inaceitável”, ressaltou.
O jornalista e escritor Mauro Ventura, curador do projeto e filho do escritor, ressaltou que o seminário é uma homenagem a Zuenir e aos 30 anos de lançamento do livro em 1994. “O seminário segue uma pauta sugerida por meu pai em 1993, quando fez um mergulho de 10 meses em Vigário Geral, uma comunidade traumatizada por uma chacina”, explicou, referindo-se ao fato ocorrido na comunidade, quando 21 pessoas foram assassinadas por um grupo de extermínio.
A também curadora do projeto e diretora da Mina Comunicação e Arte, Isabella Rosado Nunes, fez questão de destacar que “o seminário é uma proposta de olhar a cidade nesse tempo que passou, mas também de estar junto de todas as pessoas que queiram pensar e cuidar do Rio”.
Reveja a programação completa do seminário