Acima: Piet Demunter (Flanders Investment & Trade), Jacques Vandermeiren (Porto da Antuérpia-Bruges), Rogério Zampronha (Porto do Açu) e Daan Schalck (Porto do Mar do Norte)Foto: Vinicius Magalhães
Cooperar para descarbonizar foi o tom principal do seminário “Brasil e Bélgica: facilitando a transição energética – O papel dos portos e a importância das parcerias com indústrias e o poder público”, realizado nesta quinta-feira, 28/11. Como parte da programação oficial da Missão Econômica da Bélgica no Brasil, o evento, na Casa Firjan, teve início após a entrada de Sua Alteza Real Princesa Astrid da Bélgica, que ao final da cerimônia de abertura assinou o livro de ouro da Firjan, ao lado de Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente do Conselho Superior da Firjan.
“Hoje vamos abordar um campo que oferece muitas oportunidades de parcerias: a transição energética, com destaque para o papel dos portos neste contexto”, destacou Eduardo Eugenio, após recordar o importante relacionamento de negócios entre Brasil e Bélgica. Ele fez questão de destacar que a transição energética é um processo irreversível, e que as infraestruturas portuárias terão um papel da maior importância.
“Na retroárea dos portos está o espaço para o desenvolvimento de infraestrutura de baixo carbono, como hidrogênio verde, eólica, solar e térmicas a gás. E isso abre um enorme potencial de parcerias dos portos com o setor privado, como em empreendimentos de siderurgia verde e de biogás, por exemplo”, pontuou o empresário.
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Eduardo Eugenio, presidente do Conselho Superior da Firjan, na abertura do seminário | Foto: Vinicius Magalhães |
A delegação da Bélgica foi composta por 34 representantes governamentais, com destaque para Matthias Diependaele, ministro-presidente de Flandres, e a presença de mais de 40 empresários do país europeu.
Matthias Diependaele ressaltou que “os portos precisam se tornar facilitadores essenciais na transição energética, centros cruciais para as energias renováveis, apoiando combustíveis alternativos, manuseando componentes como turbinas eólicas e servindo como bases para operações de parques eólicos offshore”. Ele sustenta que para reduzir as emissões do transporte marítimo, os portos podem oferecer energia em terra, para atracar navios e apoiar o abastecimento de combustíveis alternativos.
Fabio Lavor Teixeira, secretário executivo adjunto do Ministério de Portos e Aeroportos, ressaltou que as autoridades portuárias e administradores de terminais privados têm que se aproximar de empresas de geração de energia limpa, fabricantes de combustíveis verdes.
"O futuro hub port (porta central) de governo deve, sem dúvida, ser um hub de energéticos multimoleculares, ou seja, um porto capaz de oferecer várias alternativas de energéticos verdes para navios e embarcações. Esse porto deve, além de ter capacidade operacional, armazenar também uma capacidade energética. E, para isso, nós, do Ministério do Porto e Aeroportos, queremos contar com a parceria de grandes portos da Bélgica”.
Para Piet Demunter, CEO Interino da Flanders Investment & Trade, é possível os dois países fazerem muitas coisas juntas na transição energética, garantindo que os próprios portos possam trabalhar de forma mais sustentável amanhã do que hoje, "desempenhando um papel crucial na introdução dessa importante nova força energética”.
No painel “Como os portos enfrentam os desafios da descarbornização”, Jacques Vandermeiren, CEO do Porto da Antuérpia-Bruges, evidenciou que há muito trabalho a fazer, mas entende que os portos serão os facilitadores e provavelmente onde tudo começará. “Estamos prontos para fazer isso em casa, mas também aqui no Brasil, que está pronto para enfrentar esse desafio. Esperamos que o Porto do Açu desempenhe um papel fundamental nessa transição. Esperamos que o país tenha algumas moléculas para compartilhar conosco”, complementou.
Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística/Porto do Açu, afirmou que a compreensão do que significa a transição energética está evoluindo nos últimos cinco anos. “Cada vez mais acreditamos que nossa vocação é produzir produtos que possam ser facilmente transportados ou utilizados localmente como matéria-prima para a nova indústria de baixo carbono a ser implantada no porto. É por isso que o porto é um ótimo veículo”, enfatizou, após afirmar que um dos melhores portos verdes do Brasil fica bem em frente ao Porto do Açu, na Região Norte do estado do Rio. “É tão bom quanto no Nordeste, sem a necessidade de transportar energia pelas linhas de transmissão existentes”.
Daan Schalck, CEO do Porto do Mar do Norte, também alertou para a importância de colaboração entre portos. Segundo ele, esse é o papel que os portos podem desempenhar nos corredores verdes para o transporte marítimo. “Se realmente quisermos criar esses corredores verdes em todo o mundo, os portos e a indústria, juntos, devem tomar essa iniciativa”.