
Ao microfone, o presidente da Firjan, Luiz Césio CaetanoFoto: Paula Johas | Firjan
Com a palestra “Os esforços da neoindustrialização nas principais cadeias produtivas, como direcionador da retomada do desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio de Janeiro”, o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, proferiu a aula magna, na quarta-feira, dia 20/8, na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. O evento foi em comemoração aos 73 anos da Escola de Engenharia que anunciou novos planos de integração com a indústria e o fortalecimento dos cursos de graduação e pós-graduação. O evento reuniu professores, alunos, técnicos, chefes de departamento, representantes da indústria e gestores administrativos.
Caetano falou sobre o Sistema Firjan e neoindustrialização, destacando a Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial lançada pelo governo federal em 2024. “É preciso contemplar um ambiente de negócios com segurança jurídica, isonomia tributária, infraestrutura adequada e gestão pública eficiente, para suporte ao parque industrial existente num contexto global muito desafiador”, ressaltou mostrando que a indústria do estado do Rio de Janeiro é o segundo maior PIB industrial do país.
“São mais de R$ 435 bilhões em 2022, atrás apenas de São Paulo. Em 2024 nossa indústria exportou US$ 8,5 bilhões. O setor emprega quase 730 mil trabalhadores, com salário 50% superior ao rendimento médio real no estado do Rio e está 70% acima do setor de serviços e 162% acima do agropecuário”, exemplificou o presidente dsa Firjan, informando também que a federação reúne 101 sindicatos industriais, atuando nas esferas municipal, estadual e federal, contribuindo para o avanço da indústria e o desenvolvimento socioeconômico do estado e do Brasil.
O presidente da Firjan salientou que a entidade está em alerta para uma ameaça à competitividade da indústria fluminense, por conta de um projeto de lei do governo do estado que antecipa o fim da política de incentivos fiscais. “Se aprovado, esse PL pode levar à perda de milhares de empregos, ao afastar o interesse de novas indústrias no estado e estimular a saída das que estão aqui instaladas”, sentenciou Caetano.
Já o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart, falou sobre a atual política industrial que ganha novo protagonismo no cenário global e impõe desafios ao Brasil.
“Em um momento de intensas transformações econômicas e geopolíticas, a política industrial voltou a ocupar posição central nas discussões sobre competitividade, empregabilidade e crescimento econômico. A política industrial não deve ser vista apenas como instrumento econômico, mas também como ferramenta política e geopolítica. Hoje, vemos que as tensões geopolíticas e a competição tecnológica, especialmente entre Estados Unidos e China, colocaram a política industrial mais em evidência”, explicou Goulart.
Segundo ele, nos países desenvolvidos, medidas como tarifas, subsídios e incentivos ao desenvolvimento tecnológico têm sido aplicadas com maior intensidade. Já em países em desenvolvimento, a adoção dessas estratégias ainda é tímida, o que acentua os desafios para a inserção competitiva no mercado global. “O Brasil precisa avançar em estratégias que fortaleçam sua indústria e a aproximem das cadeias globais de valor. Uma indústria forte significa uma economia forte e, consequentemente, um país mais sólido e competitivo no cenário internacional”, concluiu o gerente de Estudos Econômicos da Firjan.
O diretor da Engenharia da UFF, José Rodrigues, falou da aproximação com a Firjan com o objetivo de chegar ao setor produtivo. “A interação com a indústria é fundamental para avançarmos em novas frentes de pesquisa e profissionalização, tanto no âmbito nacional quanto regional”, destacou, ressaltando que a faculdade busca fortalecer laços com prefeituras e entidades locais, ampliando sua presença para além do ambiente acadêmico. “Nosso compromisso vai além de formar engenheiros e designers: queremos contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento social e tecnológico”, reforçou.
Também participou do evento o secretário de Desenvolvimento Econômico e Revitalização de Niterói, Fabiano Gonçalves.