A primeira edição do Prêmio IEL de Talentos da Construção celebrou a criatividade e o comprometimento de estudantes de todo o Brasil com o futuro da construção civil e da arquitetura. A iniciativa reconhece e valoriza estudantes de engenharia civil, arquitetura e urbanismo brasileiros, com o tema “O setor da construção e seu papel frente às mudanças climáticas”.
A cerimônia de entrega do Prêmio IEL fez parte do último dia do Rio Construção Summit 2025, em 26/9, o maior evento do setor na América Latina, no Pier Mauá. A organização recebeu 158 projetos, com a participação de mais de 250 instituições de ensino superior de todo o país. Com o Prêmio, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) fortalecem seus compromissos com a excelência na formação de novos profissionais. Segundo os organizadores, mais do que premiar projetos, o objetivo do IEL é estimular uma nova geração de profissionais a assumir o protagonismo diante das mudanças climáticas, trazendo criatividade e soluções sustentáveis para transformar a realidade brasileira.
O presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, afirmou que o prêmio celebra as contribuições significativas do setor da construção para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. O empresário ressaltou a necessidade urgente de políticas públicas e privadas que incentivem ainda mais a formação técnica e a superior, vitais para atender à crescente demanda do setor e assegurar sua sustentabilidade a longo prazo.
Caetano enfatizou a importância das vozes críticas dos estudantes universitários que se preparam para atuar na construção. “A discussão sobre mudanças climáticas é fundamental, já que o setor um dos mais impactados e deve buscar soluções inovadoras para reduzir seu impacto ambiental,” declarou.
O Prêmio IEL Talentos da Construção recebeu inscrições de projetos de todas as regiões do Brasil, que receberam elogios do presidente da Firjan, pela qualidade dos trabalhos e pelo alto nível das instituições de ensino em engenharia civil, arquitetura e urbanismo. “A conexão entre academia e indústria é crucial para a formação de profissionais capacitados que possam integrar o conhecimento científico às empresas,” afirmou Caetano.
“Este é um prêmio foi direcionado para carreiras que consideramos estratégicas para inovar, que são as engenharias e a arquitetura. Para nós da indústria é fundamental a inovação e a sustentabilidade nessas áreas. Ficamos felizes porque conseguimos com esse prêmio alcançar o Brasil inteiro, com representantes de todas as regiões”, disse Michelle Queiroz, gerente de Carreiras e Desenvolvimento Empresarial do IEL Nacional.
Além dos certificados oficiais de participação, que reconheceram a dedicação e a qualidade dos trabalhos apresentados, as equipes mais bem colocadas receberam premiações em dinheiro: R$ 15 mil para o primeiro lugar, R$ 10 mil para o segundo e R$ 5 mil para o terceiro.
Categoria Cidades
A premiação desta categoria, voltada para soluções urbanas sustentáveis e inovadoras, reconheceu três projetos de destaque:
1º lugar: ReVira Obra – O Ciclo Inteligente da Construção Sustentável, de alunos da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). O projeto propõe uma solução inteligente e colaborativa para a gestão de sobras de materiais e uso de equipamentos em obras de condomínios horizontais. Ele busca resolver os problemas de desperdício de materiais, perdas financeiras e emissões de CO? associadas à produção e transporte, por meio de uma plataforma digital que conecta empreiteiros individuais, construtoras e empresas com múltiplas frentes de obra, permitindo o reaproveitamento e a comercialização de materiais que seriam descartados ou perdidos por falta de uso.
2º lugar: Manufatura Aditiva (Impressão 3D) aplicada à Construção Civil com base em materiais mais sustentáveis e leves, do Instituto Federal da Paraíba (IFPB). Este projeto propõe o desenvolvimento da manufatura aditiva aplicada a materiais cimentícios (Impressão 3D em Concreto – 3DCP) com baixos teores de cimento, diante da problemática da ausência de normas técnicas brasileiras e da escassez de soluções nacionais que conciliem industrialização, produtividade, digitalização e redução de emissões. A solução proposta é a adoção da construção civil digital e de baixo carbono por meio da 3DCP.
3º lugar: NIOT: Não importa o tempo - Casas Modulares Anfíbias para Comunidades Ribeirinhas no Enfrentamento das Cheias – Universidade Federal Fluminense (UFF). O projeto oferece uma solução para comunidades ribeirinhas vulneráveis às cheias recorrentes e desconectadas da infraestrutura urbana. Por meio de casas modulares anfíbias, o NIOT permite que essas populações se adaptem ao aumento do nível das águas, garantindo segurança e continuidade da vida cotidiana, independentemente do clima. Assim, propõe uma solução prática, sustentável e escalável, promovendo segurança e inclusão para populações ribeirinhas, com habitações adaptáveis.
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Equipe da UFBA, 1º lugar da categoria Edificações, com o projeto "H2Obra – Calculadora de Pegada Hídrica" | Foto: Paula Johas |
Categoria Edificações
Na categoria voltada para construções sustentáveis e eficientes, os vencedores foram:
1º lugar: H2Obra – Calculadora de Pegada Hídrica, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A construção civil consome volumes massivos de água, frequentemente sem medição ou gestão adequada. Uma única casa, por exemplo, pode demandar mais de 100 mil litros de água em sua construção, com o recurso presente em tudo (cimento, tinta, cerâmica, aço), mas quase nunca visto ou medido. Essa prática insustentável agrava a escassez hídrica e os impactos das mudanças climáticas. Seu propósito é revelar o consumo direto e indireto de água na obra, permitindo simular, comparar e economizar recursos hídricos com base em dados técnicos e reais. A ferramenta entrega clareza, controle e responsabilidade, alinhando-se ao objetivo de "Medir para construir melhor".
2º lugar: Argamassa colante com vidro reciclado, uma solução técnica e sustentável para reduzir resíduos e CO2 na construção civil, do Centro Universitário de Brusque (UNIFEBE-SC). A iniciativa propõe uma solução inovadora para a construção civil, uma argamassa colante com um menor impacto ambiental, composta por: cimento, areia, aditivos e até 20% de pó de vidro reciclado como substituto parcial do cimento. Surge como uma resposta ao alto volume de resíduos urbanos e às emissões da indústria cimentícia, que representam cerca de 8% das emissões globais de CO2 (SNIC, 2018). A utilização de resíduos pós-consumo que muitas vezes são descartados em aterros, onde o vidro pode levar mais de mil anos até se decompor.
3º lugar: Flutuar - Habitação Saudável, do Centro Universitário São Lucas (UniSL), em Rondônia. O desenvolvimento de um sistema habitacional flutuante modular voltado para comunidades ribeirinhas em Rondônia tem como objetivo oferecer uma solução resiliente, segura e sustentável para os desafios habitacionais enfrentados por essas populações. A proposta busca garantir moradias adequadas que se adaptem às dinâmicas naturais da região amazônica, especialmente às inundações sazonais que ocorrem anualmente, comprometendo a segurança e a permanência das famílias em seus territórios.
O público também teve a oportunidade de escolher seus projetos favoritos, em votação online no site oficial do prêmio. A equipe vencedora recebeu, além do troféu, uma consultoria especializada de 40 horas para acelerar o desenvolvimento e a implementação de sua proposta inovadora.
Prêmio Voto Popular
Com 3,5 mil votos, foram premiados o projeto "Manufatura Aditiva (Impressão 3D) aplicada à Construção Civil com base em materiais mais sustentáveis e leves", do IFPB, na categoria Cidades; e o "Flutuar - Habitação Saudável", do Centro Universitário São Lucas (UniSL), em Rondônia, na categoria Edificações.
A cerimônia foi marcada por aplausos, emoção e o reconhecimento da importância de incentivar novas ideias que conciliem tecnologia, sustentabilidade e impacto positivo nas cidades brasileiras. A iniciativa contou com o apoio de importantes parceiros institucionais, como CAU BR, Confea, CBIC, CNPq, Firjan, Sinduscon-RJ, além de empresários, representantes do ecossistema de inovação e dos núcleos regionais do IEL.