
Ao microfone, o empresário Henrique Nora Jr.Foto: Vinícius Magalhães | Firjan
O Rio Construção Summit recebeu, nesta sexta-feira (26/9), uma mesa-redonda dedicada a discutir os rumos da legislação mineral brasileira. Intitulada “O Novo Código de Mineração: Modernização, Segurança Jurídica e Competitividade”, o debate foi moderado por Henrique Nora Junior, 2º vice-presidente da Firjan e presidente do Fórum Setorial de Mineração da federação.
Participaram da discussão Mauro Henrique Moreira Sousa, diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM); o deputado federal Arnaldo Jardim (SP), vice-presidente da Frente Parlamentar da Mineração; e Fernando Azevedo e Silva, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Desafios no Rio de Janeiro
Na abertura, Henrique Nora destacou a especificidade da mineração no estado do Rio de Janeiro, majoritariamente voltada à construção civil – com foco em argila, areia e brita utilizadas em obras de infraestrutura e habitação.
“Não temos empreendimentos de grande porte como em outros estados. Nossa mineração é de agregados para construção civil e esse olhar diferenciado precisa estar refletido na legislação”, pontuou.
O presidente do Fórum de Mineração da Firjan também ressaltou a chamada rigidez locacional das pedreiras, que frequentemente acabam cercadas pela expansão urbana. “Se não estruturarmos políticas claras, a sociedade perde uma riqueza fundamental. Precisamos conciliar planejamento urbano e mineração", observou Nora Jr.
Segurança jurídica e competitividade
Representando o Ibram, Fernando Azevedo e Silva reforçou a importância da previsibilidade regulatória para garantir investimentos.
“A mineração é uma atividade de longo prazo. Não pode estar sujeita a mudanças constantes. O fortalecimento da ANM e a adoção de padrões internacionais de ESG são fundamentais para assegurar competitividade e atrair novas tecnologias”, destacou.
Ele alertou ainda para pontos do projeto que precisam de maior debate, como o princípio da caducidade e a possibilidade de sobreposição de outorgas.
“Não é possível interromper processos sem que se esgote o sistema normativo. Se malregulado, isso pode gerar conflitos e insegurança”, avaliou.
O deputado federal Arnaldo Jardim defendeu ajustes equilibrados no texto do novo código, ressaltando a necessidade de combater o garimpo ilegal e de avançar no zoneamento estratégico.
“A mineração de agregados responde pelo maior volume extraído no país e é o que constrói nossas cidades. Precisamos de regras claras, federais, que deem previsibilidade e evitem a proliferação de legislações estaduais e municipais”, afirmou.
Perspectiva da ANM
O diretor-geral da ANM, Mauro Henrique Moreira Sousa, destacou os esforços da agência para ampliar a capacidade de fiscalização e cooperação com estados e municípios.
“Temos avançado em convênios e acordos que fortalecem tanto a fiscalização quanto a arrecadação. O poder público local precisa ser um ator ativo nesse processo”, explicou.
Mineração social e desenvolvimento local
Outro ponto debatido foi o papel da mineração social, aquela voltada para a construção civil, essencial para o desenvolvimento urbano. Segundo Fernando, cerca de 65% da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) é destinada aos municípios mineradores.
“Esse recurso deve ser investido em educação, saúde e geração de empregos locais, reforçando a contribuição direta da mineração para a sociedade”, afirmou.
Futuro da construção civil
Também nesta sexta-feira (26/9), o “Rumo ao Futuro: Sustentabilidade, Tecnologia e Liderança com Propósito” foi tema de mesa redonda com Elissandra Candido, presidente do Sinduscon Sul Fluminense. Também participaram Ana Cláudia Gomes (vice-presidente de Responsabilidade Social da CBIC), Taiana Jung (estrategista em Sustentabilidade Corporativa) e Catharina Macedo (arquiteta e consultora do Sebrae).
Durante a discussão, as lideranças ressaltaram a necessidade de fortalecer a agenda ESG, investir em tecnologia para reduzir desperdícios e promover uma liderança com propósito, capaz de engajar pessoas e transformar a cultura da construção. Elissandra destacou o papel do Sinduscon-SF, que ampliou em 243% o número de associados sob sua gestão, como exemplo de governança e fortalecimento do associativismo na indústria.
“Liderar com propósito é transformar a governança em confiança e o associativismo em força coletiva para construir futuros sustentáveis”, disse a presidente do Sinduscon-SF.
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Ao microfone, a empresária Elissandra Candido |