
Elen Fernandes: primeira mulher a operar um robô na Haga e hoje responsável por treinar os demais colaboradores nessa funçãoFoto: Paula Johas
Reportagem especial da Carta da Indústria
Os espaços fabris estão se tornando ambientes cada vez mais igualitários e estão sendo conquistados aos poucos, como no caso da Elen dos Santos Vieira Fernandes, funcionária da Haga, uma das empresas mais antigas no segmento de fabricação e comercialização de fechaduras, dobradiças, puxadores e vários outros acessórios para portas. Ex-aluna do curso técnico em Mecânica na Firjan SENAI, ela está há 11 anos fazendo a diferença na empresa, que é de Nova Friburgo, Centro-Norte fluminense. Elen foi a primeira mulher a operar um robô e hoje se tornou a responsável por treinar os demais colaboradores nessa função.
“Entrei na Haga em março de 2011 e era um universo novo para mim. Nunca tinha trabalhado em uma fábrica antes e, no decorrer desses anos, tive muitos desafios, porém o aprendizado adquirido foi de total importância para o meu crescimento profissional na indústria”, conta ela, que está na Haga como auxiliar de processo robotizado.
Apesar de ter se tornado uma referência na empresa, Elen conta que durante sua trajetória enfrentou inseguranças, mas posteriormente abriu caminho para outras mulheres. “Por ser uma experiência nova, tive muitas inseguranças e não foi fácil. Algumas vezes pensei que não fosse dar conta, mas tive a sorte de estar cercada de pessoas que me apoiaram e me ajudaram nesse processo. Com o passar do tempo e a cada peça ajustada, fui ganhando confiança e alcançando novas conquistas pessoais. Sou muito grata por ter tido essa oportunidade e tenho certeza de que serei a primeira de muitas, afinal, hoje não sou a única na função”. Atualmente, na Haga, as mulheres representam 49% da força de trabalho na produção. Na administração, são 68%.
Papel da Firjan
O mês de março é marcado por movimentos históricos que reivindicavam igualdade de gênero nas fábricas ao redor do mundo. Dados levantados pela Firjan mostram que, mesmo sendo a maioria da população tanto no Brasil como no estado do Rio, as mulheres enfrentam mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho, nos ambientes corporativos e serviços públicos, sendo minorias nesses espaços. Mas ao longo dos anos, elas vêm conquistando cada vez mais espaço em diversos setores da indústria e na sociedade. Isso pôde ser observado em uma pesquisa feita pela Firjan SENAI a respeito do número total de matrículas por gênero. Em 2018, havia 14,89% mulheres inscritas nos cursos da Firjan SENAI. Já em 2022, a participação quase que dobrou, chegando a 27,15%.
A criação do Conselho Firjan de Mulheres, em 2022, é consequência do empoderamento e reconhecimento feminino na sociedade e tem impacto primordial no desenvolvimento econômico e social fluminense. “A maior conquista a ser celebrada é que as mulheres efetivamente estão ocupando lugares que não ocupavam porque agora elas estão encontrando mais oportunidades. Antes, em algumas profissões não havia nem turmas com mulheres. Mas, para se capacitar, elas precisam saber onde tem creche, alimentação, transporte. A gente rompeu a barreira de que, antes, quem chegava era a única. Hoje a gente vê mulheres pavimentando e abrindo o caminho para as outras”, ressalta Carla Pinheiro, presidente do Conselho e diretora da Firjan.
No plano de trabalho do Conselho Firjan de Mulheres para 2023, estão o acompanhamento da agenda legislativa municipal, estadual e federal visando identificar recursos financeiros disponíveis para projetos; e o desenvolvimento de um curso em parceria com a Firjan IEL para capacitar as mulheres para os conselhos das empresas.
Márcia Carestiato, vice-presidente do Conselho e presidente da Firjan Centro-Norte, ressalta que o objetivo do grupo é trabalhar para que mais mulheres ocupem seus lugares na indústria do Rio. “As mulheres empreendedoras muitas vezes precisam de um fomento. Não é simples e nem fácil, mas está acontecendo”, pontua.
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