Para Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, a revolução tecnológica é liderada pelos países desenvolvidos importadores de insumos energéticosFoto: Vinicius Magalhães
O Conselho Empresarial de Energia Elétrica do Sistema FIRJAN reuniu representantes de concessionárias e especialistas para debater inovações no setor elétrico e seus benefícios para os consumidores. De acordo com Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), a revolução tecnológica é liderada pelos países desenvolvidos importadores de insumos energéticos.
Para essas economias, os principais motivadores de inovação são a busca pela segurança no setor, de forma que possam diminuir a dependência de fontes externas, e a preocupação com o aquecimento global, uma vez que a matriz elétrica mundial tem 85% de sua base composta por fontes não renováveis.
“Nesse contexto, os investimentos em energia eólica e solar e em projetos de eficiência energética tem sido os dois principais vetores de inovação dos países”, afirmou Castro.
Para o especialista, a mudança de paradigma traz boas perspectivas para o setor, criando novos desafios tanto na operação dos sistemas, para adequar o uso das fontes com as sazonalidades, quanto em termos de regulação. “No aspecto regulatório, há o desafio de conciliar novos negócios com a modicidade tarifária. Outra questão é o modelo de negócios. As distribuidoras terão novas responsabilidades e surgirão novos atores”, disse.
No estado do Rio, as concessionárias de energia já estão se atualizando para atender às novas demandas do setor. Na Light, uma das inovações de maior destaque é o projeto Smart Grid, uma rede inteligente que controla o parque de medidores e o de medição da empresa. A infraestrutura para instalação do sistema já começou a ser implantada na Baixada Fluminense e será gradativamente expandida para outras regiões.
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Sergio Malta, presidente do Conselho, ressaltou que a inovação no setor elétrico permite ganhos potenciais tanto para o consumo quanto para a produção | Foto: Vinicius Magalhães |
“Por meio dessa iniciativa, a rede de distribuição se torna mais inteligente e os dados de medição são trabalhados para gerar mais eficiência operacional e de resultados. Na parte de automação, vamos saber antecipadamente quando poderá haver falta de luz para um consumidor. O sistema conseguirá se reconfigurar para remanejar a alimentação de uma rede para outras”, explicou Rodrigo Tenório, coordenador de Telemedição da Light.
A Enel, antiga Ampla, também tem investido em inovação que beneficie os consumidores. A concessionária criou o projeto Cidade Inteligente no município de Búzios, para instauração de redes inteligentes. Foram instalados 9.600 medidores inteligentes, que atendem cerca de 40% dos clientes, e 84 km de fibra ótica. A proposta é incentivar o uso de fontes renováveis e consumo consciente da energia.
“É uma ação com investimento da ordem de R$ 52 milhões e que envolveu toda a sociedade. Búzios tem hoje 33 vezes mais geração distribuída por cliente que a média nacional e o projeto contribuiu para isso”, destacou Weules Correia, especialista de Inovação da Enel.
Sergio Malta, presidente do Conselho, ressaltou que a inovação no setor elétrico permite ganhos potenciais tanto para o consumo quanto para a produção. “Essas inovações permitem gerir melhor a produção, com mais eficiência, qualidade e modicidade nos preços”, observou.
A reunião do Conselho Empresarial de Energia Elétrica aconteceu em 27 de abril, na sede da FIRJAN.