
Carla Pinheiro é diretora da Firjan, presidente do Conselho Firjan de Mulheres e presidente do Sindijoias-RJFoto: Thelma Vidales/Firjan
A empresária Carla Pinheiro lidera o Conselho Firjan de Mulheres, criado em 2022. Presidente do Sindicato das Indústrias da Joalheria e Lapidação de Pedras Preciosas do Estado do Rio de Janeiro (Sindijoias), ela defende mais capacitação para as mulheres enfrentarem o desafio do mercado de trabalho, com igualdade de gênero. Neste Dia Internacional da Mulher (8/3), Carla, que também é diretora da Firjan, falou sobre os projetos do Conselho para 2023.
A Firjan criou em junho do ano passado o Conselho de Mulheres, qual a importância?
Carla Pinheiro: O Conselho atende a uma demanda da sociedade e das indústrias associadas para lidarem com as pautas de diversidade, equidade e inclusão. A importância é disseminar melhores práticas ao empresário. Não têm fórmulas mágicas e a solução não é imediata. Mas não é assim tão difícil ir rompendo os paradigmas.
E quais os objetivos do Conselho?
Carla Pinheiro: São três objetivos: o primeiro é incentivar e apoiar o empreendedorismo feminino. A gente precisa dar a mão para a mulher da base da pirâmide. Queremos buscar tudo o que a estrutura legal tem a oferecer, como linhas de crédito especiais, leis de incentivo, fundos. Outro ponto é capacitá-las naquilo que quiserem e em ambientes majoritariamente masculinos também. Esse ambiente inclusivo gera melhores negócios e está se tornando uma exigência maior do mercado. A B3 (Bovespa) já alertou que as empresas listadas terão que demonstrar metas de inclusão e de diversidade, com risco de serem excluídas. O terceiro pilar é aumentar a diversidade nos Conselhos das empresas.
Que ações têm sido feitas desde então em prol da igualdade entre mulheres e homens?
Carla Pinheiro: Já participamos da caminhada contra violência contra as mulheres e estamos implementando um projeto piloto com a prefeitura de Nova Friburgo para inserção de refugiadas. Temos vagas para o programa “Elas na Indústria”, parceria com a prefeitura do Rio, que inclui capacitação oferecida pela Firjan SENAI.
E para 2023, como está o planejamento do Conselho?
Carla Pinheiro: Esses projetos serão aprofundados em 2023. Um desafio é lançar este mês um reconhecimento para as empresas que evidenciarem melhores práticas, como ouvidoria feminina sobre assédio no trabalho e violência doméstica. Além do acompanhamento da agenda legislativa municipal, estadual e federal para trazer verbas para os projetos. E queremos montar um curso em parceria com a Firjan IEL para capacitar as mulheres para os Conselhos.
A Firjan vem realizando parcerias com empresas para dar mais oportunidades para as mulheres. Uma delas é o projeto Elas Na Bayer.
Carla Pinheiro: No “Elas na Bayer” tivemos mais de 700 inscritas, onde 16 mulheres cis e trans foram escolhidas para serem capacitadas. A Firjan SENAI vai fazer a capacitação técnica e a turma pode ter oportunidade na Bayer e em outras indústrias. No projeto anterior, mais de 80% foram contratadas. A questão maior é ter as meninas trans. Esse acolhimento é muito importante para elas não desistirem.
No Dia Internacional da Mulher, o que temos para comemorar?
Carla Pinheiro: A maior conquista é que as mulheres efetivamente estão ocupando lugares que não ocupavam porque agora elas estão encontrando mais oportunidades. Antes, em algumas profissões não havia nem turmas com mulheres. Mas, para se capacitar, elas precisam saber onde tem creche, alimentação, transporte. A gente rompeu a barreira de que, antes, quem chegava era a única. Hoje a gente vê mulheres pavimentando e abrindo o caminho para as outras.