
Nísia Trindade, Eduardo Eugenio, Caetano e Mario MoreiraFoto: Paula Johas
Com o objetivo de debater os caminhos para a reconstrução e o fortalecimento da cadeia produtiva da saúde no estado do Rio de Janeiro, o Conselho Estratégico da Casa Firjan se reuniu, na quarta-feira (30/7), com o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Mário Moreira; o vice-presidente da instituição, Carlos Gadelha; a sanitarista e ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade; e a secretária municipal de Ciência e Tecnologia do Rio, Tatiana Roque.
O presidente do Conselho, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, destacou a necessidade de se pensar a sociedade brasileira de forma ampla e colaborativa, especialmente no que diz respeito à saúde pública e ao desenvolvimento industrial: “É importante unirmos esforços para fortalecer os empreendimentos que envolvem saúde e inovação e a Fiocruz tem desempenhado um papel fundamental nesse cenário, contribuindo para avanços que beneficiam toda a população brasileira”.
Eduardo Eugenio também abordou desafios do setor e propôs a criação de uma agenda positiva, visando o bem-estar social e o fortalecimento da ciência e da educação: “Precisamos de um diálogo aberto, incentivando a colaboração entre diferentes setores para superar obstáculos e avançar em projetos que promovam inovação e saúde pública mais robusta”.
Já Luiz Césio Caetano, presidente da Firjan, ressaltou a atuação da federação em inovação e pesquisa, além da mobilização empresarial pela saúde nacional, citando o HUB de Saúde Firjan SESI, um evento no próximo dia 12/8, na Casa Firjan, para atender às demandas da indústria por soluções nesse setor. O objetivo é conectar indústria, poder público, startups e universidades.
“Este vai ser um importante movimento empresarial para abrir diálogo e mostrar a importância da colaboração entre segmentos e a necessidade de uma visão de longo prazo no desenvolvimento de projetos industriais e tecnológicos, especialmente no contexto da saúde”, salientou Caetano.
Durante a reunião, um dos temas foi o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), em Santa Cruz, na zona oeste do Rio. Concebido para ser a maior e mais moderna unidade de produção de vacinas e medicamentos da América Latina, a iniciativa será um marco na autonomia e na capacidade de produção de saúde brasileira.
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Foto: Paula Johas |
Mário Moreira afirmou que a articulação público-privada é fundamental para que sejam estabelecidas estratégias de continuidade para esse complexo liderado pela Fiocruz. “O momento atual é oportuno para avançar na indústria da saúde, especialmente com o reconhecimento de que a saúde é a segunda missão do país no Nova Indústria Brasil (NIB). Nesse cenário, a inovação tecnológica e regulatória desempenha papel central”, declarou, citando a falta de orçamento público adequado para o desenvolvimento do Complexo.
Nísia Trindade também falou sobre o papel da indústria da saúde e o contexto atual do país, lembrando sua atuação no Ministério. “A Fiocruz sempre foi fundamental para consolidar uma política pública voltada ao fortalecimento do setor. O Brasil precisa estabelecer uma política de saúde realmente estruturada, capaz de unir o conhecimento científico à inovação tecnológica. O país avançou em diversos temas relacionados à inovação, mas ainda enfrenta dificuldades para consolidar uma estabilidade nesse processo”, concluiu a pesquisadora.
Carlos Gadelha concordou com os demais participantes do debate, reforçando que “o país precisa investir mais na sua cadeia produtiva de saúde, aprendendo com exemplos de China e Índia, que há décadas fortalecem sua indústria farmacêutica. É preciso também investir em ações de desenvolvimento regional para criar um ambiente favorável à saúde”. Sobre a planta de vacinas da Fiocruz, considerou que será um avanço estratégico para a soberania brasileira, especialmente após a pandemia.
Por outro lado, Tatiana Roque enfatizou a importância da saúde como um dos principais setores produtivos da cidade: "A prefeitura do Rio está comprometida em explorar essa vocação da cidade". Tatiana propôs parcerias com a Fiocruz para desenvolver serviços de alta tecnologia e destacou que um desafio significativo é a “fuga de cérebros” do Rio de Janeiro. "O estado é um dos maiores exportadores de profissionais qualificados do Brasil, e precisamos criar oportunidades que mantenham esses jovens em nossa cidade".