O convite para refletir e buscar soluções de regulamentação, metrologia e tecnologia para os carros sem motorista faz parte da “1ª Conferência sobre Veículos Inteligentes: segurança jurídica e tecnológica para inserção no Brasil”, que acontece na Casa Firjan de 26 a 29/11. Na abertura, o público pôde dar uma volta no carro inteligente Iara (Intelligent Autonomous Robotic Automobile) pelos jardins da Casa.
Realizado em parceria com o Inmetro e a Universidade Federal de Lavras (UFLA), o evento traz para o centro do debate a questão do transporte público e da infraestrutura para os carros autônomos no país e discute a criação de regras claras que permitam viabilizar e impulsionar a adoção segura das tecnologias relacionadas a veículos inteligentes. “Programando um carro inteligente”, “Cidades Inteligentes”, “Segurança físico-cibernética de veículos inteligentes”, “Ética” e “Arcabouço legal” estão entre os destaques das 18 palestras que integram a programação.
“A Conferência vem de uma enorme preocupação para evoluirmos num tema que já é realidade no mundo. Não estamos focados apenas no desenvolvimento de veículos autônomos, mas também em como construir um arcabouço legal de segurança para o cuidado com o ser humano. É um evento multidisciplinar com visões diferentes para contribuir com soluções e proposições”, afirmou José Roberto Soares Scolforo, reitor da UFLA.
Iara: projeto brasileiro
Carlos Augusto de Azevedo, presidente do Inmetro, reforçou a necessidade da discussão para entendermos como os veículos inteligentes irão afetar a nossa vida e os negócios. “É necessário que haja uma regulação bem feita. No Brasil, ainda não desenvolvemos uma ciência regulatória, precisamos introduzir o tema da regulação e metrologia nas universidades”, pontuou Azevedo.
Representantes de ministérios e órgãos de segurança viária, montadoras e fornecedores de tecnologia, profissionais da área jurídica e de seguros, bem como acadêmicos, puderam conhecer o projeto do carro inteligente Iara, desenvolvido pelos pesquisadores do Laboratório de Computação de Alto Desempenho (LCAD), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O carro autônomo brasileiro já fez uma viagem de 74 km em Vitória, no Espírito Santo, onde foi monitorado por dois motoristas e por outro veículo à distância.
“A consciência artificial é inevitável. Por isso, é preciso termos eventos como esse para refletirmos e escolhermos um bom futuro”, acrescentou Alberto Ferreira de Souza, professor da Ufes.
Machine Learning
Carlos Carlim, Doutor em Inteligência artificial pela COPPE/UFRJ e coordenador da Faculdade Firjan SENAI, detalhou aos presentes como funciona uma das tecnologias por trás dos carros autônomos: o machine learning. De acordo com o especialista, que desenvolve projetos para a indústria a partir dessa ciência, códigos de computador podem ensinar às máquinas a aprenderem comandos, por meio de redes neurais em um sistema baseado, exatamente, em como funcionam os neurônios humanos.
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Carlos Carlim detalhou como funciona uma das tecnologias dos carros autônomos: o machine learning | Foto: Paula Johas |
“A rede neural é um banco de dados onde inserimos conjuntos de amostras classificadas. A partir daí, faremos programação para que a ela dê as respostas que desejamos. No caso dos carros autônomos, por exemplo, para que identifiquem carros e pedestres à frente e freiem de modo adequado, automaticamente”, explicou Carlim.
Para ele, por outro lado, ainda não estamos preparados para colocar os carros autônomos em livre circulação. Isso porque é preciso resolver alguns dilemas, como a ética: “Como ensinar ética a uma máquina? Como decidir que, em caso de acidente iminente, devemos dar preferência a salvar quem está dentro do carro ou quem será atropelado? Essas questões ainda precisam ser amplamente debatidas”.
Carol Jaguaribe, especialista de Projetos Especiais da Casa Firjan, destacou o papel da unidade, de aproximar as questões da nova economia da sociedade e dos empresários. “A gente tem uma inteligência artificial que aprende com os próprios erros e que vai trazer um impacto na forma de se locomover. Essa é uma temática que ainda é pouco discutida no Brasil e precisamos de um debate para entender a infraestrutura implementada que já existe e quais as mudanças necessárias para esse tipo de veículo. É importante ressaltar que o Brasil é um dos países com maior consumo de automóveis do mundo e, obviamente, é preciso compreender como essa transição será feita”, ressaltou Carol.
Ainda durante o evento, empresários debateram a viabilidade dos carros autônomos no Brasil.
Confira aqui a programação completa.