Representantes do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Firjan, liderados pelo seu presidente Isaac Plachta, visitaram o Centro de Pesquisa da L’Oréal, na Ilha do Fundão, em 11/05, para conhecer o sistema de jardins filtrantes e os demais critérios de sustentabilidade que contribuíram para a certificação Leed Platinum da operação do prédio. A empresa é uma das vencedoras do Prêmio Firjan de Sustentabilidade em duas categorias: Mudanças Climáticas e Eficiência Energética e Gestão de Águas e Efluentes.
“Trata-se de uma tecnologia inovadora de tratamento de efluentes sanitários e industriais e pode ser replicada em outras empresas. Muitas vezes, implantar uma Solução baseada na Natureza (SbN) significa entender onde a infraestrutura verde e a tradicional juntas trazem o melhor custo-benefício. Em reunião do Conselho, a L’Oréal apresentou o projeto dos jardins filtrantes. Hoje viemos conhecer o tratamento na prática. São plantas que tratam os efluentes, inclusive os produzidos em laboratório, por tratamento físico-químico-biológico, sem precisar usar produtos químicos”, explicou Plachta, que também é presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Químicos Para Fins Industriais do Estado do Rio de Janeiro (Siquirj).
Rafael Sixel, gerente de Campus de Pesquisa & Inovação da L'Oréal Brasil, apresentou os critérios de sustentabilidade do prédio, que é carbono neutro, além do processo dos jardins filtrantes. “Esse sistema permite a redução do uso da água potável em 40%. Além disso, a população em geral tem acesso a esse percentual de água potável que não usamos da concessionária. Trazemos uma tecnologia que é uma SbN, com benefícios para a empresa e região do entorno. O sistema é bem conectado à biodiversidade e inclusive atrai animais, como aves e demais polinizadores, anfíbios e répteis, que são excelentes bioindicadores. As pessoas se sentem bem mais acolhidas de estar num ambiente em que se vê mais verde e os colaboradores até costumam fazer reuniões no jardim”, conta.
A implantação dos jardins é uma parceria com a empresa multinacional Phytorestore, que continua prestando consultoria para a L’Oréal. Sixel destacou que todo o processo da escolha das plantas usadas é baseado na ciência, para identificar quais espécies podem fazer a filtragem de determinadas substâncias. Para se implantar esses jardins em outras empresas é preciso realizar essa análise para que o resultado seja satisfatório.
A L’Oréal possui outros dois centros de pesquisa no mundo que implantaram jardins filtrantes, mas Sixel acredita que, devido ao nosso clima tropical, o do Rio de Janeiro é o que tem o melhor resultado, reduzindo cerca de 98% da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) dos efluentes. O prédio do Centro de Pesquisa já foi construído seguindo os padrões adequados à certificação Leed, e conquistou o nível Gold. Já o selo Leed Platinum (o mais alto nível da categoria) foi conquistado devido à operação e manutenção, e os jardins filtrantes foram determinantes para isso.
O efluente é composto por 23% de fonte industrial e 76% por fonte sanitária. Depois de tratado pelo jardim filtrante é gerada água de reúso, utilizada para descarga dos vasos sanitários e irrigação. O processo é 100% fechado e sem descarte.
Existe ainda um sistema de captação de água pluvial, com filtração por biovaletas. Esse sistema favorece a recarga do lençol freático e o excedente é lançado na Baía de Guanabara, com qualidade superior. Em comparação aos processos tradicionais de tratamento de efluentes, os jardins filtrantes apresentam menor complexidade operacional, baixo custo e simplificação no processo de licenciamento ambiental.