Monalisa Crespo, vice-presidente do SindVest Campos, é a idealizadora do grupoFoto: Divulgação
O dia 8 de março tem um significado especial para a indústria da região. O Dia Internacional da Mulher marca também a criação do grupo Mulheres na Indústria do Norte Fluminense, que conta com o apoio da Firjan. A iniciativa busca valorizar e incentivar a inserção feminina nas indústrias, num momento em que apenas um e cada quatro profissionais são do sexo feminino, segundo dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
“A indústria, assim como o mercado de trabalho em geral, é historicamente um ambiente mais masculino, e pretendemos colaborar para que a representatividade feminina tenha mais destaque, trazendo a mulher para o centro do debate do desenvolvimento regional”, disse Monalisa Crespo, idealizadora do grupo e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário de Campos (Sindvest).
O grupo multisetorial terá até 12 representantes das indústrias da região, que vão se reunir mensalmente na sede da Firjan Norte Fluminense – com participações on-line durante a pandemia. A ideia é fomentar, incentivar e qualificar a participação feminina, contribuindo para a diversificação das empresas e para o desenvolvimento de seus talentos e da própria região. O primeiro encontro, neste 8 de março, terá uma palestra intitulada "Desafios da Liderança feminina na retomada da economia", a ser realizada pela diretora de Compliance e Jurídico da Firjan, Gisela Gadelha.
Exemplo desse desafio ainda presente é a estilista Sirlea Gonçalves Pita Martins. Dona de uma fábrica de jeans durante 35 anos, ela decidiu se reinventar para continuar fazendo o que mais gosta, mantendo-se ativa na sua área.
“Fundei a fábrica sozinha e fechei pouco antes da pandemia, porque acredito que tudo tenha seu tempo. Hoje trabalho por conta própria, o que me proporciona uma satisfação profissional e pessoal muito grande”, conta Sirlea.
Crescimento de mulheres na indústria
Atualmente, as mulheres representam 32% da força de trabalho da indústria brasileira, segundo dados do portal ODS. O segmento que mais emprega mão de obra feminina é o de confecções e artigos do vestuário, com 75% da força de trabalho. Um dos dados que chama a atenção é o avanço do gênero feminino em setores historicamente dominados por homens, como na indústria extrativa mineral e na construção civil.
É o caso de Gabriela de Barros Silva, técnica em automação industrial que trabalhou na construção da termelétrica GNA I, no Porto do Açu. Ela se formou na Firjan SENAI Campos e conseguiu uma vaga na empresa responsável pelo empreendimento, graças a uma parceria entre o Porto do Açu e a Firjan SENAI.
“Quando cheguei para a entrevista de emprego, metade da sala era composta por homens. Mas fui contratada e conheci muitas mulheres guerreiras, pessoas como eu que estão cada vez mais ocupando um espaço que antes era essencialmente masculino”, contou Gabriela.
Diversidade no mercado de trabalho
O trabalho feminino nas indústrias começou ainda na Revolução Industrial. As mulheres cumpriam grandes jornadas de trabalho enquanto recebiam salários até 60% menores do que os dos homens. Realidade que continua difícil: uma pesquisa feita pelo IBGE em 2009 mostrou que as trabalhadoras em geral ganham, em média, 20,5% menos do que os homens. Mas ao longo dos anos, as profissionais das mais diversas áreas começaram a se organizar e conquistar cada vez mais espaço, a partir do crescimento das indústrias do país.
O aumento da diversidade no mercado de trabalho é uma das práticas recomendadas por especialistas em gestão no mundo inteiro. Entre os benefícios estão a construção de uma cultura de meritocracia, estimulando o colaborador a dar o seu melhor e proporcionando, assim, melhores resultados, além do aumento do potencial criativo do negócio. Um estudo da revista Forbes, por exemplo, diz que a diversidade nas empresas é uma das características impulsionadores de um ambiente inovador.
“Por isso, faremos palestras e cursos para qualificar a mão-de-obra feminina e também conscientizá-las do seu papel cada vez mais importante nas organizações. Também pretendemos fazer projetos sociais, contribuindo assim de variadas formas com a evolução da sociedade norte fluminense”, afirmou Monalisa.