O estado do Rio de Janeiro deu a largada para despontar nos negócios e no desenvolvimento da economia do mar nesta quarta-feira, 13/11. O lançamento do Cluster Tecnológico Naval, formado inicialmente por quatro empresas, aconteceu na Casa Firjan e contou com a presença de autoridades empresariais, do governo federal, da Marinha. Os dois grandes alvos de ações e investimentos são a Baía de Guanabara – beneficiando a capital, Niterói, Magé, Duque de Caxias, São Gonçalo, Guapimirim e Itaboraí – e a Baía de Sepetiba.
As participantes são Emgepron (Empresa Gerencial de Projetos Navais), Nuclep (Nuclebras Equipamentos Pesados), Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa) e Condor Tecnologias Não-Letais, mas o grupo está aberto a outras adesões.
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan, mostrou otimismo. “O Rio de Janeiro tem vocação naval e tradição, aqui é o berço da indústria naval. Esse trunfo tem que ser aproveitado para gerar renda”, declarou. Para reforçar o potencial fluminense, Eduardo Eugenio ainda recorreu a um recorte de livro, no qual um francês narra ter testemunhado brasileiros ensinando japoneses a construir navios em 1910. “Temos matéria-prima e mercado e temos agora um empurrão da Marinha e das empresas. Conte conosco para sermos sócios e parceiros desse sonho de retomada”, reforçou.
Carlos Erane, presidente da Firjan Nova Iguaçu e região e diretor-presidente da Condor, também homenageou os planos promissores. “O Cluster não só nasce grande, como também plural. Temos prefeituras diversas envolvidas e muitas entidades que acreditam nesse potencial do estado para a indústria naval. A expectativa é de termos uma plataforma ímpar de exportação de produtos de defesa”, comemorou ele, que também é presidente do Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa.
Os Institutos SENAI de Tecnologia (IST) da Firjan foram listados como ferramentas fundamentais para capacitar mão de obra para o Cluster, que tem como eixos prioritários o adensamento das cadeias produtivas do setor militar e mercante; o fortalecimento da economia do mar local e nacional; além do encadeamento produtivo entre as empresas.
O vice-almirante Edésio Teixeira Lima Junior, diretor da Emgeprom, fez uma apresentação sobre o cenário brasileiro, destacando que a economia do mar representa quase 20% do PIB do país, gerando R$ 1,117 trilhão ao ano. Mesmo assim, acrescentou, o país não explora todo o seu potencial, o que requer mais políticas públicas para valorizar esse mercado. “Esse Cluster tem a função de buscar soluções, inclusive com o poder público, e criar a mentalidade marítima para que a economia naval seja um dos eixos do nosso estado e até do Brasil. Na Europa, o segmento é responsável por 5 milhões de empregos. No Brasil, dos estados que se destacam (RJ, SC, RS, BA e PE), não tenham dúvida de que o Rio é o que apresenta as melhores condições”, ressaltou.
Palestra do comandante da Marinha do Brasil
A solenidade contou com a assinatura do Termo de Posse da Diretoria do Cluster e ainda com uma homenagem ao comandante da Marinha brasileira, almirante de esquadra Ilques Barbosa Jr. Ele enfatizou que a Marinha estrutura laços com a sociedade, sendo um órgão militar fundamental para o desenvolvimento da economia, em especial, da indústria naval. “Esta é uma boa hora para termos esse Cluster, fazermos esse esforço para o estado do Rio superar esta fase difícil. Ou assumimos essa tarefa ou pagaremos um preço muito alto”, apostou o almirante, que informou a projeção de crescimento de 380% para o comércio marítimo até 2040.
Segundo um estudo inédito feito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, até 2007 o estado do Rio possuía mais de 85% dos postos de trabalho da indústria naval nacional. Entre 2007 a 2016, essa participação caiu pela metade. A economia do mar abrange as áreas de turismo e pesca, venda de cartas náuticas, levantamentos hidrográficos, dragagens, manutenção de embarcações, alienação de meios navais, docagens e perícias, além de subsidiar e fortalecer a plataforma de importações e exportações da indústria naval.