Os impactos da crise hídrica no setor elétrico e as ações mitigadoras por parte do governo foram tema de debate durante reunião do Conselho Empresarial de Energia Elétrica da Firjan, em 22/7. As consequências da escassez de chuvas para o sistema produtivo do país têm preocupado os gestores da indústria. No encontro, Luiz Augusto Barroso, diretor-presidente da PSR – consultoria que oferece soluções tecnológicas para os setores de energia elétrica e gás natural –, expôs dados do setor elétrico brasileiro relativos às perspectivas de suprimento para 2021.
Barroso, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia, destacou as medidas conduzidas pela pasta e apresentou uma análise de risco. Segundo ele, “estamos expostos à incerteza associada à transição entre os períodos hidrológicos seco e úmido de 2021 e 2022”. O palestrante alertou ainda que a média da energia natural afluente está entre as mais baixas das últimas décadas. Junho de 2021, por exemplo, atingiu o equivalente a 64% da média histórica do mês, enquanto maio ficou em 63%.
“Hoje existe um risco que é influenciado pela demanda e é mitigado pelo governo. Mesmo com as ações do governo, observamos um risco no atendimento de ponta. É um quadro que demanda muita atenção e cautela”, ponderou.
Entendimento sobre desafios
A questão do horário de verão, abolido desde 2019, também foi discutida. A conclusão de Barroso é que a utilidade do mecanismo está mais relacionada ao estímulo ao consumo consciente da população em relação à economia energética. O presidente do conselho, Firmino Sampaio, concordou. “A aplicação tem mais o sentido do exemplo para que não se deixe nenhuma ponta do sistema escapar. Devemos usar os mecanismos institucionais para atenuar a crise”, ressaltou ele, destacando que o encontro teve como objetivo proporcionar entendimento sobre os desafios da crise hídrica.
Vice-presidente do conselho, Luiz Alquéres alertou para o que denomina “seguridade” e sua importância para o empresariado. “Nós, industriais, deveríamos mudar a palavra segurança para seguridade, uma noção mais ampla. As análises atuais dizem que há uma boa chance de ter problemas ou uma chance pequena, desconsiderando os custos. Antes, a energia não era tão essencial quanto hoje, por conta da informática”.
Segundo Barroso, “a resiliência será atingida com a diversificação da matriz”. “A dúvida é em relação ao custo. O Brasil não fez um planejamento dessa conta integrada entre todos os energéticos, não é só eletricidade e água. O setor elétrico sempre assumiu que teria prioridade sobre todos os insumos energéticos, independentemente de reconhecer que existem prejuízos, como no caso, agora, da escassez da água”, resumiu.