Publicado em 06.08.2019
Se você descarta seu lixo sem prestar atenção no que vai fora, talvez nem imagine que aquela garrafa PET possa se transformar em um forro de calçado. Ou que o bojo antigo de um sutiã pode fornecer a espuma para uma palmilha. Na EcoModas, o resíduo não só é a matéria-prima, mas o ponto de partida de tudo que vai ser fabricado. A decisão de qual peça será produzida - se camisetas ou calçados, por exemplo - depende do que os sócios Adriana Santos, 39 anos, e Alex Sandro Santos, 37 anos, encontram pelo caminho. A empresa usa o que os outros jogam no lixo para produzir moda sustentável.
Essa iniciativa não só modificou o DNA da empresa como recebeu o Prêmio Firjan Ação Ambiental 2018, na categoria Gestão de Resíduos Sólidos. O projeto vencedor, Jeans EcoFashion, aproveita calças jeans para o desenvolvimento de calçados. Também o tecido usado no forro interno vem da reciclagem de garrafa pet, e a etiqueta é feita a partir de retalhos de couro. A espuma da palmilha vem das fábricas de bojos de sutiãs, o solado sai de plásticos retirados do meio ambiente e a embalagem é feita com sacos de batatas recolhidos em uma rede de supermercados.
Hoje reconhecida na área de proteção ambiental, a EcoModas trilhou um caminho de transformações. Começou em 2005 como uma pequena confecção de moda íntima em Nova Friburgo (RJ). “A produção de sutiãs gerava muito resíduo, porque recebíamos o bojo do nosso fornecedor em embalagens plásticas. Começamos a tentar pensar numa compensação para essa poluição. Nessa época, nasceu na gente um desejo de cultivar mudas”, lembra Alex. Hoje, o casal mantém dois viveiros na cidade, com cerca de 25 mil mudas já plantadas desde que começaram. Usam como tubete o carretel de linho.
Adriana e Alex em um dos viveiros que mantêm na cidade (Foto: Adriano José)
Em 2010, Adriana e Alex começaram a mudança definitiva que transformaria a EcoModas, com a adaptação de todo o layout da empresa para produzir moda sustentável. Hoje, preocupação ambiental está presente em todas as etapas da fabricação. A cada estação, o casal se propõe a criar novas peças e, para isso, circula por Nova Friburgo de olho nos materiais descartados. A empresa já lançou calçados, carteiras, camisetas e agora estuda fabricar uma linha de bolsas com banners de anúncios publicitários.
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Prêmio ajuda a quebrar barreiras
Receber o Prêmio Firjan de Ação Ambiental levou a empresa a ganhar motivação ainda maior. “A chancela da Firjan é reconhecida nacionalmente e isso quebra barreiras. A gente está sempre sendo convidado para palestras, por exemplo, e o prêmio confere autoridade ao nosso negócio”, conta Alex.
O prêmio avalia as ações do setor empresarial e reconhece o aprimoramento dos processos produtivos, a implantação de projetos socioambientais e as iniciativas que vão além das obrigações legais. De 2013 a 2019, a iniciativa contou com a inscrição de 371 projetos e premiou 39 empresas, considerando também a concessão de menção honrosa. “A gente premia empresas de diferentes tamanhos, e as pequenas usam esse reconhecimento para impulsionarem seus negócios e se destacarem. No caso da EcoModas, além disso, você tem algo local sendo reconhecido. Isso traz orgulho para a população e estimula outras ações”, observa a analista em Meio Ambiente da Gerência de Sustentabilidade e Infraestrutura da Firjan, Renata Menezes Rocha.
Além de troféu, a EcoModas foi contemplada com um voucher de R$ 5 mil em serviços no Instituto SENAI de Tecnologia Ambiental. A empresa escolheu investir no ACV, selo que certifica o ciclo de vida de um produto sustentável. No futuro, o casal planeja fundar a Escola da Sustentabilidade, que servirá tanto de sede da EcoModas quanto de local de aprendizado para a comunidade. “A gente espera crescer economicamente, ajudando a comunidade no lado sustentável e também na geração de empregos”, projetam.
Quer saber o que rolou no Prêmio Firjan Ação Ambiental de 2019? Conheça os ganhadores!
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