Inovações que otimizam processos industriais têm transformado o segmento da moda, tornando-o mais alinhado às novas demandas por produtos funcionais e ecossustentáveis. A indústria têxtil fluminense está atenta às novas tendências, investindo na automação de etapas da produção. Uma das empresas que já caminha nessa direção é o Grupo Floc. De acordo com Roberto Leverone, presidente da companhia, a aquisição de um maquinário moderno, além de ter viabilizado a automação de processos, gerou benefícios para o incremento da qualidade das peças.
“Temos investido em tecnologias voltadas para o processo de beneficiamento da malha. Nosso tecido melhorou, se tornando mais macio com o recurso de um novo tratamento, proporcionado por máquinas mais avançadas. É um investimento que compensa, porque aumenta o valor agregado do produto”, explica o empresário, que também preside a Representação Regional FIRJAN/ CIRJ na Baixada Fluminense II.
Leverone ressalta que, em razão dos ganhos percebidos com a aquisição de equipamentos tecnológicos, estuda investir na compra de máquinas para ampliar as etapas automatizadas da fábrica. “Pesquisamos tecnologias no exterior e estudamos a importação de máquinas inéditas no estado para confecção de vestuário. Sabemos que hoje há tecnologia de fabricação em 3D de uma peça completa. É uma inovação e, evidente- mente, será o futuro da moda e da confecção”, complementa.
Espelho desenvolve roupas em tempo real
Uma inovação criada pelo Instituto SENAI de Tecnologia (IST) Automação e Simulação foi o primeiro espelho, no Brasil, que utiliza realidade virtual e aumentada para criar roupas que ficam prontas em cerca de meia hora. Além de ser um processo rápido, a tecnologia – desenvolvida para o SENAI CETIQT – possibilita que o cliente visualize como ficará o caimento da peça em seu corpo através da tela antes de mandar confeccioná-la em uma impressora 3D.
Para Sergio Motta, diretor regional do SENAI CETIQT, essa inovação reduzirá o estoque porque a roupa ficará pronta a partir da interação do consumidor com a máquina: “A produção da vestimenta será feita a partir das escolhas do cliente. O equipamento, no futuro, estará em shoppings, por exemplo. Além de eliminar os estoques, essa integração faz com que sejam reduzidos os desperdícios e garantam mais sustentabilidade para a indústria”, explicou.
Joias 3D
Para o setor de joias, a impressão 3D já é uma realidade. Rachel Sabbagh, sócia da Odara, que fabrica peças em modelagem tridimensional há oito anos, destaca que a ferramenta possibilita a produção de peças mais refinadas: “Não é algo que substitui o trabalho manual, mas auxilia muito, pois tem grande precisão. Se tivesse que modelar artesanalmente a mesma joia que a impressora produz, levaria mais tempo”.
A empresa imprime as peças no Laboratório de Joias do SENAI, localizado na unidade do Maracanã, na capital fluminense. O local conta com espaço para modelagem 3D, prototipagem e espectrometria, cravação e fundição. Para capacitar os profissionais nessas novas competências, o SENAI conta com cursos de aperfeiçoamento em Modelagem 3D.
A FIRJAN também oferece suporte às empresas interessadas em modernizar seus modos de produção. “Trabalhamos em diversas frentes para apoiar as indústrias nesse processo. Por meio dos Institutos SENAI de Inovação (ISI) e de Tecnologia (ISTs), ajudamos no desenvolvimento tecnológico. Oferecemos informação qualificada e antecipamos tendências com a realização de eventos como o Giro Moda e estudos para o setor”, detalha Ana Carla Torres, coordenadora de Desenvolvimento Setorial da Federação.
Saiba mais sobre as novas tecnologias disponíveis:
- Minifábricas
Método de produção personalizada que elimina os estoques de produtos acabados.
- Tecidos inteligentes e tecnologias vestíveis
Baseiam-se no entrelaçamento de diversas disciplinas, como Design e Tecnologia Têxtil, Química, Física, Ciência dos Materiais e Ciência e Tecnologia da Computação. Têm capacidade de perceber e de reagir a diferentes estímulos provenientes de seu ambiente.
- Impressão 3D
No setor de joias e bijuterias, a impressão tridimensional é uma das tendências mais fortes. A prototipagem 3D permite a elaboração de peças mais complexas, fortalecendo o potencial criativo da indústria.
- Sistemas automatizados de confecção
Processos produtivos com etapas automatizadas promovem mais agilidade e eficiência na confecção de produtos têxteis.
*Matéria original publicada na revista do Sistema FIRJAN Carta da Indústria, edição 755.