Publicado em 20.08.2019

Com problemas históricos em saneamento básico, habitação, educação e saúde, o Brasil encara um duplo desafio: retomar o desenvolvimento econômico e equilibrar as contas públicas. Nesse cenário, a Reforma da Previdência é um incentivo para resgatar, a curto prazo, a confiança do empresário. Também pode destravar  R$ 1,4 trilhão em investimentos em 10 anos, segundo o estudo “Reforma da Previdência para ampliar investimentos no Brasil”, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

O efeito mais rápido da aprovação do projeto é a mudança de percepção sobre o cenário econômico no país. Ou seja, com mais confiança, o dinheiro para investimentos volta a aparecer. Para o presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado do Rio de Janeiro (SIMPERJ), Gladstone dos Santos Junior, a aprovação pode gerar uma retomada na produção. Ele é diretor da Nova A3, fabricante de luvas e embalagens flexíveis para o setor cosmético, e viu o faturamento cair na crise.  “Temos uma grande capacidade ociosa. Acreditamos que vamos conseguir retomar, num primeiro momento, a produção. Isso, obviamente, vai gerar necessidade de mão de obra”, observa.

Para o empresário, no entanto, a reforma só terá efeitos reais se for estendida aos servidores dos estados e municípios. No Rio, a melhora do ambiente econômico pode vir aliada a outros atrativos do estado, gerando uma agenda positiva. “Somos um grande mercado consumidor, estamos à beira do mar, então temos indicadores importantes de competitividade. Mas nada disso vai adiantar para atrair capital se não tivermos um governo com capacidade de cumprir seus compromissos financeiros”, argumenta Gladstone.

Firjan - Mat_ria 3 - LinkedIn Gladstone_mat_ria.jpgPara Gladstone, a reforma só terá efeitos reais se for estendida aos servidores dos estados e municípios (Foto: Bruno Alencastro)

A médio e longo prazo, os resultados já podem ser calculados. Do total de R$ 1,4 trilhão de investimento estimado pela Firjan, R$ 729 bilhões viriam das empresas e o restante do setor público. A projeção da Federação foi feita com base em números do governo e da Instituição Fiscal Independente (IFI). Para o IFI, com a margem fiscal gerada, seria possível primeiro equilibrar o orçamento, para então gerar um superávit primário em 2024, interrompendo dez anos de déficit.

“A gente está falando da melhora do ambiente de negócios para atrair investimentos e, assim, ter um efeito multiplicador sobre toda a economia. A reforma pode sinalizar uma melhora do resultado fiscal, as pessoas podem entender que o Brasil é um país seguro de investir, e a partir do momento que você gera investimentos, você tem geração de emprego, geração de renda e de consumo. É um círculo virtuoso”, explica o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Jonathas Goulart Costa.

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O levantamento da Firjan elencou pelo menos seis setores: habitação, saneamento básico, segurança pública, saúde, educação e obras paralisadas. Para a habitação, por exemplo, estima-se em R$ 770 bilhões a necessidade de investimentos para resolução do déficit habitacional, com possibilidade de aportes de R$ 583 bilhões pela iniciativa privada.

Da indústria à padaria

Na visão do setor metal mecânico, a aprovação da reforma pode ajudar na competitividade empresarial, já que investimentos antes represados podem voltar a acontecer. “Investimentos de cunho imediato, que são menores, mas que as indústrias estavam segurando, vão acontecer. Com a reforma aprovada, o empresário pensa ‘vou investir para me adiantar, porque quando houver a demanda, eu vou estar pronto, e meu concorrente não’”, analisa a diretora presidente da Eletromatrix Indústria Galvânica, Erica de Melo, que espera que seus clientes da cadeia do petróleo e gás voltem a demandar por mais pedidos.

Erica também defende que, se a reforma chegar aos estados e municípios, o estado do Rio conseguiria, no médio prazo, equacionar as suas contas e, a partir daí, teria subsídios para criar um ambiente de negócios favorável à vinda de novas empresas. “Essas indústrias geram novos empregos, que geram outros ecossistemas de negócio, que geram mais arrecadação, e assim o estado progride. Quando você instala uma indústria numa região, ela atrai para junto dela todo um encadeamento produtivo, e é isso que o estado precisa ter em mente. Ela atrai desde outras indústrias que vão formar a cadeia de fornecimento dela, como também pequenos comércios que começam a se instalar ali. Você abre uma indústria, você garante a padaria”.

Firjan - Mat_ria 3 - LinkedIn - Erica_mat_ria.jpgSegundo Erica, se a reforma chegar aos estados e municípios, o estado conseguiria, no médio prazo, equacionar suas contas (Foto: Bruno Alencastro)

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