"Fui até Marte e voltei", disse Ruberval Baldini, tentando entender a experiência que acabara de viver. "Senti sensações novas, eu estava cansado e agora me sinto revigorado. Nosso primeiro e mais importante alimento é o ar. É como se ele entrasse no nosso nível energético nos induzindo pela respiração", concluiu logo após participar de uma sessão de hipnose com o artista mexicano Nahum Mantra, um dos palestrantes do Festival Futuros Possíveis. A experiência "Vamos para Marte?" foi uma das oficinas oferecidas aos participantes do Festival realizado na Casa Firjan, no dia 7 de dezembro.

Na saída da oficina de Nahum, todos relatavam experiências profundas de conexão consigo mesmo e com o mundo. Um dos participantes sentiu que estava flutuando. Outro, que dirigia um automóvel no espaço. Para uma mulher, a sensação foi semelhante a nadar no mar. Um senhor relatou um "orgasmo cósmico". Nahum afirma que, quando limpamos nossa mente, ficamos livres para consertar algo dentro de nós. “Somos humanos, mas estamos no espaço, somos parte do espaço integrados ao universo", disse, após a sessão. "O momento mais importante do exercício é quando, do espaço, olhamos para a Terra e entendemos que esta é a nossa casa." 

100474-19_076.jpg Oficina "Vamos para Marte?", com o artista mexicano Nahum Mantra, um dos palestrantes do Festival | Foto: Bruno Alencastro

A segunda edição do Festival Futuros Possíveis ofereceu aos participantes a possibilidade de interagir com palestrantes e pesquisadores da Casa Firjan, em oficinas e experiências que aprofundaram as palestras principais, além do show do pianista carioca e afrofuturista Jonathan Ferr, que misturou arte e tecnologia. Os workshops tiveram lotação esgotada, em grupos que chegaram a 50 participantes. Um deles, “Jogo Futuros Possíveis: Criando Cenários”, criado pelo Lab de Tendências, da Casa Firjan, e apresentado também nos festivais Campus Party e Livmundi, teve edição extra.

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"Recebemos pessoas bem diferentes, o que é bom para o grupo. Mostramos nossa metodologia de pesquisa de uma forma mais dinâmica. O desafio é compreender, em uma hora, como se desenvolvem cenários futuros, e isso exige muita reflexão", disse Nathália Coelho, pesquisadora do Lab de Tendências, após a primeira das duas oficinas.

Carol Fernandes, coordenadora do Lab de Tendências, disse que o jogo tem tido uma resposta muito positiva. "É uma experiência de como construir o pensamento sobre o futuro. Desta vez participaram estudantes, pesquisadores de tendências e profissionais de setores diversos. O desafio da relação homem-máquina foi tema recorrente, todos pensaram sobre essa questão", afirmou Carol.

100474-19_098.jpg Jogo Futuros Possíveis: Criando Cenários, criado pelo Lab de Tendências, da Casa Firjan | Foto: Bruno Alencastro

A experiência “Reinventando o artesanato com a fabricação digital” propôs união de técnicas de artesanato à tecnologia. O projeto é fruto de parceria entre artesãs do grupo Janela Carioca, formado no Morro Dona Marta, em Botafogo, e o designer de artesanato Renato Imbroisi. Também ministraram a oficina o coordenador do Fab Lab da Casa Firjan, Felipe Laranja, e a CEO do Fab Lab Maya, no México, Trinidad Gómez Machuca. Sobre casas de favelas desenhadas em um tecido, os participantes instalaram um pequeno sistema de iluminação usando baterias e led, e também costuraram tecidos coloridos sobre o branco.

Segundo Felipe Laranja, “o mais importante foi combinar a preservação cultural com a modernidade, para ressuscitar a essência local que muitos lugares têm perdido. O desafio é, a partir dos desenhos originais, iluminar a favela”. Alice Meditsch, participante do Festival Futuros Possíveis, é uma artesã gaúcha que trabalha com reutilização de materiais - principalmente têxteis - e mora há dois e meio no Rio de Janeiro. Empreendedora, ela já conhecia o grupo de artesãs do Morro Dona Marta e se emocionou com a proposta da oficina. “Foi muito especial. A questão principal é como fazer essa economia do artesanato resistir. Não deixá-la morrer”, disse.

100474-19_027.jpg Experiência Reinventando o artesanato com a fabricação digital, que propôs união de técnicas de artesanato à tecnologia | Foto: Vinícius Magalhães

Quando a última palestra do Futuros Possíveis terminou no auditório, o grupo inscrito no workshop “Atelier 4.0: Experimentando o futuro da moda” ainda aguardava a confecção de um casaco preto com capuz para uma das participantes. O modelo, similar ao vestido no dia por Cairê Moreira, fundador da empresa de tecnologia Genyz, teve suas medidas definidas por escaneamento corporal. O corte, feito a laser, ficou perfeito no corpo. É, segundo Cairê, um “experimento do futuro” que, ao mesmo tempo em que evita produção excedente, inclui todos os perfis de consumidores.

100474-19_261.jpg Workshop "Atelier 4.0: Experimentando o futuro da moda", com Cairê Moreira | Foto: Fabiano Veneza

“Quando comecei a trabalhar com marketing digital, precisava ajudar as empresas a responderem ao desafio de como vender mais. Descobri que as novas gerações querem personalização. E 51% das pessoas no Brasil estão acima do peso - muitas não são atendidas pelo mercado da moda”, disse Cairê, enquanto o moletom, parecido com a roupa que ele próprio usava, entrava perfeitamente no corpo da participante. “Escaneamento corporal é o futuro.”  

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