Publicado em 20.08.2018

Uma bicicleta personalizada chamou atenção na Olimpíada do Conhecimento 2018, em Brasília. O projeto surgiu do desejo de Rafael Cardoso, estudante do curso de Montador de Equipamentos Mecânicos na Firjan SENAI São Gonçalo, em realizar o sonho do filho Tayler, de quatro anos. Com Síndrome de Arnold Chiari tipo 2, que afeta o equilíbrio do corpo, o menino sonhava em andar de bicicleta, algo que aconteceu graças à invenção do pai.

Assim que entrou no curso, Rafael dividiu a ideia com os colegas lan Gil, Beatriz de Moraes, Frederico Gomes, Gustavo Molhano, Lucas Cerqueira, Lucas Ferreira, Luiz Andre Cerqueira e Matheus Caldas. O grande desafio foi criar uma cadeira de rodas acoplada à bicicleta a um custo baixo, considerando que um equipamento desses custa até R$ 5 mil no mercado. Com materiais doados, o protótipo Mec Pedal Livre tomou forma no início do ano e tem colhido elogios na indústria.

— Eu tinha alguns projetos em mente para a inclusão do Tayler. Assim, procurei um espaço de estudo e tecnologia. Temos liberdade para criar, então levei a ideia da bicicleta adaptada para o meu grupo. Nosso desafio era criar uma cadeira que desacopla, ou seja, que pudesse ser bicicleta, cadeira ou os dois ao mesmo tempo — detalha Rafael.

_PEDAL LIVRE_mat_ria.jpgRafael se juntou aos colegas para realizar o sonho do filho Tayler de andar de bicicleta (Foto: Divulgação)

Educação voltada para a prática

Inovações como o Mec Pedal Livre fazem parte da cultura de empreendedorismo e desenvolvimento de projetos presente nos cursos da Firjan SENAI. Antes da formatura, os alunos precisam desenvolver projetos finais com protótipos que proponham soluções para problemas reais da indústria e da sociedade.

Na metodologia da Educação Profissional da Firjan SENAI, que une teoria e prática, os estudantes podem colocar a mão na massa e se desenvolver profissionalmente. Do outro lado, as empresas descobrem projetos criativos, muitas vezes prontos para serem colocados em prática.

Um dos maiores exemplos dessa educação integradora é o Desafio SENAI+Indústria, em que as indústrias enviam suas demandas para os alunos pensarem em soluções a partir de ideias inovadoras. Desenvolvendo protótipos, os estudantes passam a ter uma visão mais interdisciplinar do mercado de trabalho.

O Desafio SENAI+Indústria é dividido em duas fases. Na primeira delas, a “Integra”, indústrias de todo o estado do Rio se cadastram para relatar gargalos que afetam seus processos. É nesse momento em que os estudantes se dividem em equipes e começam a pensar soluções.

Após os melhores projetos serem escolhidos por uma banca avaliadora de técnicos e empresas, a segunda etapa começa, a “Pré-Acelera”, que é quando os protótipos devem ser validados junto ao mercado para a criação de um produto viável. Desse processo, surgem novos projetos, startups e outras atividades empreendedoras.

Segundo Edson Melo, gerente de educação profissional da Firjan SENAI, os projetos são uma das melhores formas de apresentar futuros profissionais às empresas:

— A educação integradora sempre fez parte da nossa metodologia, mas o desafio reforça o tripé de Firjan SENAI, estudante e indústria. Com ele, as empresas podem conhecer melhor a instituição, enquanto os alunos são estimulados pelos desafios do mercado. Essa aproximação histórica da instituição com a indústria se reflete na alta empregabilidade dos ex-alunos.

2 - SIGME_Renata Mello-Firjan_ 0684_materia.jpgAlunos ganharam a medalha de bronze na Olimpíada do Conhecimento 2016 por causa do Sigme, projeto que monitora o consumo de energia (Foto: Renata Mello)

Prontos para a indústria

Alunos da Firjan SENAI Maracanã, Letícia Bento, Daniel Carlos e Higor da Silva venceram juntos a medalha de bronze na Olimpíada do Conhecimento 2016. Tudo ocorreu por meio do Sistema de Gestão e Monitoramento de Energia Elétrica (Sigme), projeto que monitora o consumo de energia dos equipamentos em tempo real, seja em casas ou empresas. Pelo celular, os usuários podem receber relatórios de consumo diários, mensais e anuais.

Para Letícia Bento, uma das desenvolvedoras do projeto e ex-aluna de Multimídia na instituição, o projeto tem sido uma chance de apresentar seu trabalho para a indústria, mas também de trabalhar e discutir questões atuais, como a matriz energética no país e a economia de energia:

— Temos ido a feiras buscando inserir o Sigme em uma aceleradora para patenteá-lo. É incrível como o projeto abre muitas portas. Durante o curso, foi uma oportunidade de colocar em prática toda a teoria que aprendemos.

O empresário Claudio Tangari, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Nova Friburgo (Sindmetal), foi um dos primeiros a levar demandas da indústria para o Desafio SENAI+Indústria.

— O projeto surgiu em 2015, em uma parceria da Firjan SENAI Friburgo com empresas da região. Começamos a sugerir exercícios para que eles construíssem soluções, e apareceram muitos casos de sucesso. É uma relação que se adequa ao mercado de trabalho. A indústria ganha profissionais qualificados, e os alunos, empregos – ressalta Tangari.

Em Nova Friburgo, além de participar do Desafio SENAI+Indústria, alguns alunos também se destacaram numa competição nacional – o 1º Desafio Senai de Projetos Integradores 2015. Gustavo Heringer, João Victor Gouveia, Felipe Martins, Marcio Godim, Anderson Palma e Jeferson Borges criaram as Pastilhas Eco Tablet. Com esse projeto sustentável, eles ganharam medalha de ouro na categoria de reutilização de resíduos industriais.

3. - ECOTABLET_Antonio Batalha-Firjan_materia.jpgAlunos criaram as Pastilhas Eco Tablet, que reaproveita serragens de madeira compactada e envernizada na construção civil (Foto: Antonio Batalha)

Em suma, o projeto reaproveita serragens de madeira compactada e envernizada para transformá-las em pastilhas de revestimento para a construção civil. A ideia começou como um projeto de conclusão de curso, mas logo se tornou algo muito maior, com foco na ecologia e no baixo custo. Para Jeferson Borges, um dos desenvolvedores das pastilhas, a invenção costuma chamar atenção das empresas por aproveitar resíduos geralmente dispensados:

— No desenvolvimento do projeto, é possível esbarrar em vários desafios, como custos e a questão ambiental. Nosso objetivo sempre foi manter o processo o mais limpo possível, usando somente material reciclado. Etapas que fortaleceram nossa formação.

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