Publicado em 03.09.2018

Cinquenta mil visitas. Essa foi a estimativa de público para a sexta edição do Mondial de La Bière, realizada no início de setembro. Durante cinco dias, o maior evento cervejeiro da cidade lotou três pavilhões do Píer Mauá e apresentou diferentes versões de uma das paixões mais celebradas pelos brasileiros.

A multidão de visitantes reflete o sucesso das cervejas artesanais. No Rio, por exemplo, o segmento de microcervejarias, que se dedica a produção desse tipo de bebida, cresce de forma consistente. E, pensando nas novas tendências e num mercado consumidor cada vez mais informado e exigente, as empresas estão investindo na diversificação, buscando novas matérias-primas e sabores.

A Cervejaria Esplêndido, da capital fluminense, por exemplo, vai lançar nos próximos meses uma cerveja Weizenbock, resultante da fusão de uma cerveja de trigo alemã com as características de uma bock. Entre as matérias-primas utilizadas está o farelo de pão fornecido pela Panificação Flor da Tijuca. Fruto de uma parceria com a Firjan SENAI, a cerveja é escura e encorpada, mesclando o aroma de banana e cravo com os sabores do malte e pão tostado.

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– O bagaço de malte que sobrar da produção da cerveja voltará à padaria para virar pão do tipo australiano – conta Mariana Boynard, diretora técnica da Cervejaria Esplêndido e da Associação de Microcervejarias Artesanais do Rio (Amacerva), destacando o caráter duplamente sustentável do projeto.

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Outra novidade a caminho é uma cerveja Gose desenvolvida pela Cervejaria Suburbana, também da capital fluminense, em parceria com a Firjan SENAI. Tradicional nas proximidades da cidade de Leipzig, na Alemanha, até a Segunda Guerra Mundial, a bebida incorpora o coentro e o sal em sua receita leve e refrescante.

As duas criações foram apresentadas no estande da Firjan SENAI no Mondial de La Bière e devem chegar ao mercado até o fim do ano, quando poderão ser experimentadas. No local, os visitantes puderam conhecer o setor cervejeiro fluminense e cursos com inscrições abertas e início a partir de outubro, além de serviços para quem deseja entrar nesse mercado. Os cursos e serviços são oferecidos na Firjan SENAI Tijuca que, no primeiro semestre de 2019, ganhará uma Escola de Cerveja, ampliando seu portfólio.

SEM CRISE, MAS COM DESAFIOS

Nem a crise econômica foi capaz de frear o interesse geral por IPAs, Witbiers e afins. As origens do fenômeno remontam ao começo da década, quando amantes da bebida começaram a importar dos Estados Unidos as técnicas de preparo e toda a cultura envolvida em seu consumo.

O êxito desse movimento é demonstrado pelas estatísticas. O número de microcervejarias registradas, com estrutura própria, no Rio saltou de 12 em 2011 para 57 em 2017. O boom também beneficiou as ciganas – como são chamadas as marcas que não contam com fábrica exclusiva.

– Estimativas indicam que o segmento de microcervejarias deve triplicar de tamanho nos próximos cinco anos, gerando 2 mil empregos no estado – revela José Gonçalves Antunes, especialista em desenvolvimento setorial da Firjan.

Da Trópica, de Campos, à Mistura Clássica, de Angra, floresce uma cena diversificada e bem distribuída. Ela inclui negócios como a Noi, de Niterói, a friburguense Barão Bier, as petropolitanas Brewpoint e Buda Beer e a St.Gallen, de Teresópolis.

– Em cada região, temos, pelo menos, uma cervejaria com reconhecimento – aponta o especialista.

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Porém, o cenário próspero do setor não significa que não existam desafios a serem superados. Há, por exemplo, poucas empresas especializadas no transporte das garrafas e um número de pontos de venda ainda limitado. Também são alvos de queixas algumas questões legais, como a proibição na cidade do Rio dos chamados brew pubs ou bares que contam com pequenas fábricas de cerveja.

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Até a alta do dólar, que impacta o preço de insumos como o lúpulo e o malte, também precisa ser considerada por quem está ou vai entrar no ramo.

PREMIAÇÕES

O mercado fluminense é reconhecido pela qualidade dentro e fora do Brasil. O 1º lugar da cerveja Cerol Fininho, produzida pela Suburbana, no ranking de Session IPAs do app Untappd e os quatro prêmios internacionais já recebidos pela cervejaria Búzios são exemplos disso.

Jogam a favor do estado o clima quente, o público sem medo de experimentar e a tradição cervejeira.

 

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