Publicado em 24/10/2019
É possível construir um drone desde a primeira peça, da pesquisa à fabricação, sem ter feito isso antes? E uma impressora 3D? Encontrar respostas a perguntas como essa motiva o trabalho em equipe desenvolvido pelos alunos do FabLab do
Instituto SENAI de Tecnologia Automação e Simulação, em Benfica, no Rio de Janeiro. Inaugurado em 2014, o laboratório é o maior das nove unidades instaladas na rede
Firjan SENAI. Os alunos aprendem com desafios reais da indústria e são estimulados à pesquisa e à interdisciplinaridade. Mas como isso funciona na prática?
Imagine um espaço onde você possa usar a criatividade para idealizar qualquer tipo de solução para um problema específico, com tecnologia e maquinário à disposição para fabricar protótipos e testá-los. Muito além de uma sala de aula equipada com computadores e softwares de última geração, os laboratórios se transformaram em locais de estímulo à inovação e preparação para o mercado profissional.
“Conseguimos fazer esse processo todo de ir da ideia até a prototipagem e temos um ambiente muito próximo do dia a dia de uma indústria criativa e moderna. O aluno tem um problema e aprende a identificar soluções, a ter ideias. Estimulamos esse perfil criativo e colaborativo que as empresas têm pedido”, observa a instrutora Rozeani de Araújo.
Os laboratórios podem ser acessados por alunos de todos os cursos Firjan SENAI, conforme as demandas e carga horária de cada turma. No caso dos cursos técnicos, o módulo de projetos pode ser realizado dentro do FabLab, com a execução de um projeto integrador que reúne as habilidades aprendidas. Na unidade de Benfica, atualmente, são desenvolvidas três propostas: a fabricação de um drone, a criação de uma impressora 3D e a construção de um braço robótico. Os dois primeiros serão apresentados a empresas e familiares ao final do curso.
“A fabricação de impressoras 3D estava dentro de um âmbito muito residencial, e estamos transformando em algo que atenda melhor a indústria e favoreça o mercado. Em relação aos drones, o futuro será deles. Estamos utilizando as tecnologias que o FabLab oferece para ganhar expertise nisso. Os alunos chegaram com esse desafio: dá para construir um drone do zero? e nós fazemos a orientação a eles na pesquisa e no desenvolvimento”, explica o instrutor Bruno Viana.
Os alunos são estimulados a usar a criatividade para desenvolver todo o processo produtivo. Na primeira etapa, são feitas as documentações iniciais, onde apresentam a proposta e fazem um plano para executá-la. Depois disso, os instrutores orientam os alunos na escolha dos equipamentos para o desenvolvimento do projeto. Em seguida, é feito o design virtual e depois a prototipagem, até chegar ao produto final.
Jean Pierre no FabLab, que oferece equipamentos para que os alunos testem seus projetos e pensem em soluções inovadoras - Foto: Bruno Alencastro
Pensar fora da caixa
Para os alunos Jean Pierre Araújo, 29 anos, e Adson Costa, 34 anos, não é apenas o desenvolvimento de habilidades técnicas que faz do FabLab um espaço de inovação. “O laboratório nos ajuda a pensar fora da caixa, porque a gente consegue colocar em prática o que aprendemos durante o curso”, descreve Jean. “No dia a dia das empresas, a gente trabalha sozinho. Aqui, trabalhamos em grupo. Temos tempo para ficar, um lugar reservado para estudarmos quando quisermos, e tempo de conviver com as pessoas em volta”, conta Adson.
Trabalho em equipe, criatividade, capacidade de pesquisa e relacionamento interpessoal são algumas das capacidades estimuladas dentro do FabLab. “A implantação do FabLab no Rio tem sido o alavancador das nossas ações de educação com foco em inovação. Os alunos saem mais preparados para o mercado de trabalho. Não é só fazer o curso e o processo formativo, eles são desafiados diariamente a fazer diferente, a buscar soluções. Isso tem sido reconhecido pelas indústrias e pelos próprios alunos”, relata o gerente de Educação Profissional da Firjan, Edson Melo.