Publicado em 08.10.2018

Hoje com 35 anos e atuando como supervisor de produção, Bruno de Paula levou mais de dez anos para encontrar um rumo profissional. Nascido e criado em Três Rios, no Centro-Sul Fluminense, ele chegou a mudar para Duque de Caxias para tentar uma vaga no setor petroquímico. Mas foi em sua cidade natal que Bruno encontrou a oportunidade almejada.

O ano da mudança foi 2009, época que Bruno se inscreveu na seleção para a vaga de Mecânico de Produção Trainne na fábrica da Ball Corporation, uma indústria multinacional que produz latas de alumínio, que havia acabado de chegar a Três Rios. O processo exigia que os candidatos participassem de um curso de mecânica na Firjan SENAI.

Bruno ficou entre os cinco melhores classificados em um grupo de 75 pessoas e conquistou a vaga. De cara, sua condição financeira mudou. O salário era três vezes maior do que o que ele ganhava na época. Dentro da Ball, ele foi conquistando seu espaço. Fez treinamentos, recebeu promoções e acumulou experiências, ganhando o cargo de Supervisor de Produção.

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Aliás, o rapaz que entrou na fábrica como trainee, acaba de galgar mais um degrau: vai coordenar os supervisores. A promoção também vai dar a ele a chance de terminar a faculdade de Engenharia Mecânica, que ele parou no 4º período.

— Agora vejo a possibilidade de me tornar um gerente de produção. A Ball mudou a minha vida e a da minha família. Consegui viajar, comprar um carro, mobiliar uma casa. Tornei-me um grande profissional, adquiri conhecimento excepcional. Tenho a maior gratidão pelo know-how que ganhei — comenta Bruno.

A história de Bruno exemplifica como uma indústria forte pode movimentar a economia de uma região e transformar a vida da população local. A Ball foi para Três Rios, atraída pelo crescimento de uma cervejaria, distante 20 km de Três Rios.

— A chegada da empresa teve um impacto muito grande na geração de empregos. Temos em torno de 200 funcionários próprios, mas movimentamos uma gama de terceirizados, que atuam em áreas como manutenção e limpeza. Além disso, fazemos uma série de atividades sociais na região, como campanhas para arrecadação de material escolar, agasalho, alimentos — conta Saulo Caluza, Gerente de Produção da Ball em Três Rios.

Mapeando o desenvolvimento

A atual prosperidade de Três Rios contrasta com a cara do município em 2006, quando ela ganhou o indesejável apelido de “cidade-fantasma”, por conta da perda de empresas e postos de trabalho. Para mudar o cenário, foi preciso planejar o futuro a partir do levantamento de dados sobre como o desenvolvimento poderia ser retomado.

Em 2006, a cidade ocupava a 60ª posição do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) do estado do Rio. Em 2013, passou para o 22º segundo lugar, posição que manteve em 2016. Essa subida se comprova em números, de 2008 a 2015 foram criados mais 5,5 mil novos empregos e R$ 104, 6 milhões de ICMS arrecadados.

— Três Rios se aproveitou de uma janela econômica positiva para fazer investimentos certeiros. Hoje, apesar da crise do estado, a cidade não sofreu esvaziamento econômico. Isso é importante, porque mostra uma confiança para empresas que querem investir — pontua Julia Nicolau, consultora de Estudos Econômicos da Firjan.

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O crescimento de Três Rios representa a aplicação prática das propostas sugeridas no Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, criado pela Firjan em 2006. A iniciativa tem como objetivo o desenvolvimento de propostas que impulsionem o crescimento do estado, considerando um período de dez anos.

A 2ª edição do Mapa do Desenvolvimento, que abrange os anos de 2016 a 2025, teve o desafio de ser criada em meio à crise econômica, que afeta não só o Rio, mas todo o país. O documento se divide em cinco temas que devem sustentar o desenvolvimento econômico ao longo desse período: sistema tributário, mercado de trabalho, infraestrutura, gestão e política e gestão empresarial.

— O mapa foi feito em um cenário complexo e destaca temas como a importância de avançarmos em direção à simplificação do sistema tributário. Do mesmo modo, aponta a necessidade do aumento da participação do setor privado na economia, por meio de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs), que proporcionem a retomada dos investimentos. O documento destaca ainda a gestão pública eficiente e a segurança jurídica como fundamentais para avançarmos — explica Julia Nicolau.

O documento tem dez agendas regionais, que se desdobram para as questões pontuais de cada local. Cada área tem demandas diferentes, mas as principais pautas são voltadas para infraestrutura, mobilidade urbana, segurança e energia elétrica. Como por exemplo, novas ligações hidroviárias de transporte de passageiro e ampliação da rede metroviária, além de propostas para expandir a cobertura da rede de coleta e tratamento de esgoto sanitário.

— O conselho empresarial ajuda a definir as demandas e ações de cada município. E a Firjan faz articulação com as prefeituras, oferece cursos para capacitação de mão de obra e o que mais for preciso para que as empresas consigam atuar. Nosso trabalho soma a proposição de políticas públicas com conteúdo técnico — conclui a consultora da Firjan.

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