Parauapebas e Castanhal lideram o ranking das 10 cidades paraenses melhores avaliadas no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal. Na outra ponta, 11 municípios do estado estão entre os 100 piores resultados do país
A crise econômica, que teve início em 2014 e causou forte recessão no país, fez com que o nível socioeconômico das cidades brasileiras retrocedesse três anos. É o que aponta o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) com base em dados oficiais de 2016, últimos disponíveis. Ainda que nenhuma cidade do Pará tenha alcançado alto desenvolvimento, na comparação com 2015, dois em cada três municípios (66,7%) do estado avançaram moderadamente. Em contrapartida, mais da metade das cidades do estado estão entre os 500 piores resultados.
O índice monitora todas as cidades brasileiras e a avaliação varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o seu desenvolvimento. Cada uma delas é classificada em uma das quatro categorias do estudo: baixo desenvolvimento (de 0 a 0,4), desenvolvimento regular (0,4 a 0,6), desenvolvimento moderado (de 0,6 a 0,8) e alto desenvolvimento (0,8 a 1). São acompanhadas as áreas de Emprego e Renda, Saúde e Educação e avaliadas conquistas e desafios socioeconômicos de competência municipal: manutenção de ambiente de negócios propício à geração local de emprego e renda, Educação Infantil e Fundamental, e atenção básica em saúde. O IFDM avaliou 5.471 cidades. As novas, para as quais ainda não há dados, e aquelas com ausência, insuficiência ou inconsistência de informações, não foram analisadas.
Parauapebas foi a cidade melhor avaliada do estado (0,7402) no ranking geral, seguido de Castanhal (0,7292), por terem alcançado alto desenvolvimento em Saúde. As cidades lideram o ranking estadual, assim como os municípios de Vitória do Xingu, Paragominas, Santarém, Barcarena, Belém, Canaã dos Carajás, Tucuruí e Redenção. Na comparação com 2015, sete cidades evoluíram nas três áreas de desenvolvimento e três apresentaram queda no índice geral devido à piora no mercado de trabalho.
Das 138 cidades paraenses analisadas, 103 (77,5%), alcançaram desenvolvimento regular e, 44 (31,9%), têm baixo desenvolvimento em Emprego e Renda. Na comparação com 2015, dois em cada três municípios (66,7%) avançaram moderadamente, sustentados pelo aumento da renda. Comparado a 2015, Nova Esperança do Piriá se destacaram ao apresentar crescimento em Saúde, Educação e Emprego e Renda. Na outra ponta, quase metade dos municípios investigados estão entre os 500 mais mal avaliados do Brasil, sendo que 11 estão entre os 100 piores resultados do país. Porto de Moz, por sua vez, é a única com baixo desenvolvimento. Baião recuou nas três vertentes, sobretudo em Emprego e Renda, como reflexo, a cidade perdeu 59 posições no ranking estadual: caiu da 78ª colocação em 2015 para a 137ª posição, em 2016.
Educação é o quesito em que as cidades paraenses mais se destacam: 77 cidades (53,8%) apresentaram desenvolvimento moderado, 65 (45,5%) estão em nível regular e apenas uma com baixo grau de desenvolvimento. Vale destacar que o Pará não possui cidades com alto desenvolvimento em educação desde o início da série histórica. Na vertente Saúde, mais da metade (53,9%) dos municípios do estado ainda possuem desenvolvimento regular ou baixo.
Mercado de trabalho encolheu em
quase 60% das cidades brasileiras
Em relação à totalidade das cidades brasileiras, o estudo mostra que, na comparação com 2015, Educação e Saúde tiveram o menor avanço da última década. Nesta edição, o IFDM Brasil atingiu 0,6678 ponto – abaixo do nível observado em 2013. No resultado geral, que inclui a média das notas dos três indicadores (Emprego e Renda, Saúde e Educação) só 431 municípios (7,9%) tiveram alto desenvolvimento.
Em Emprego e Renda, o IFDM destaca que, entre 2015 e 2016, foram fechados quase 3 milhões de postos de trabalho formais no país. Em 2016, quase 60% das cidades fecharam postos de trabalho. Com isso, o indicador de Emprego e Renda do estudo registrou 0,4664 ponto, com pequena recuperação com relação a 2015 (0,4336). O movimento é explicado pelo aumento no rendimento real do trabalhador formal, em parte por conta da política de reajuste do salário mínimo.
Só cinco cidades alcançaram alto desenvolvimento nesse indicador: São Bento do Norte (RN), Capanema (PR), Telêmaco Borba (PR), Selvíria (MS) e Cristalina (GO). Foi o pior resultado da série histórica. O estudo destaca que a crise foi tão severa que mesmo que o IFDM Emprego e Renda cresça nos próximos anos com variação média de 1,5%, o país só alcançará o nível de 2013 em 2027. A recessão custou mais de uma década de desenvolvimento para o mercado de trabalho formal dos municípios.
O estudo revela que o país mantém enormes disparidades regionais: o Sul é a região mais desenvolvida, tendo 98,8% de cidades com desenvolvimento alto ou moderado. O Sudeste e o Centro-Oeste têm perfil semelhante. Já Norte e Nordeste têm, respectivamente, 60,2% e 50,1% dos municípios com desenvolvimento regular ou baixo. Florianópolis, com 0,8584, ocupa o primeiro lugar entre as capitais. No último lugar do ranking, com 0,3214, está Ipixuna, no Amazonas.
Desafios em Saúde e
Educação continuam grandes
Nesta edição o IFDM Saúde teve o menor avanço da última década (+1,6%). Entre as variáveis que compõem esse indicador, a que mais precisa se desenvolver é a de percentual de gestantes com sete ou mais consultas pré-natal, o recomendado pelo Ministério da Saúde. Em 2016, um terço (32,2%) delas não tiveram a quantidade mínima de consultas. A perspectiva não é positiva: caso a cobertura evolua na taxa média dos últimos três anos a universalização só será atingida em 2029.
O IFDM Educação também progrediu lentamente: foi o menor avanço da última década (+0,6%): os indicadores que compõem esse quesito continuam longe das metas definidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). A meta de universalizar a educação infantil na pré-escola, por exemplo, que deveria ter sido atingida em 2016, só deve ser alcançada em 2035 caso a taxa de crescimento permaneça em 1,2%.
Para o Sistema FIRJAN, políticas macroeconômicas para o equilíbrio fiscal e gestão eficiente dos recursos públicos são essenciais para que as cidades se recuperem e atinjam nível de desenvolvimento que atenda às necessidades dos brasileiros.