Desde 2015, Patos de Minas lidera o ranking das 10 cidades mineiras melhor avaliadas no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal. Poços de Caldas, Extrema, Lagoa Prata e Uberlândia continuam entre as 10 melhores
A crise econômica, que teve início em 2014 e causou forte recessão no país, fez com que o nível socioeconômico das cidades brasileiras retrocedesse três anos. É o que aponta o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) com base em dados oficiais de 2016, últimos disponíveis. Apesar de a maioria dos municípios apresentarem desenvolvimento alto e moderado de forma geral (87,2%), Minas Gerais ainda responde pela maior parcela de cidades com conceito regular entre os estados do Sul e Sudeste do país.
O índice monitora todas as cidades brasileiras e a avaliação varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o seu desenvolvimento. Cada uma delas é classificada em uma das quatro categorias do estudo: baixo desenvolvimento (de 0 a 0,4), desenvolvimento regular (0,4 a 0,6), desenvolvimento moderado (de 0,6 a 0,8) e alto desenvolvimento (0,8 a 1). São acompanhadas as áreas de Emprego e Renda, Saúde e Educação e avaliadas conquistas e desafios socioeconômicos de competência municipal: manutenção de ambiente de negócios propício à geração local de emprego e renda, Educação Infantil e Fundamental, e atenção básica em saúde. O IFDM avaliou 5.471 cidades. As novas, para as quais ainda não há dados, e aquelas com ausência, insuficiência ou inconsistência de informações, não foram analisadas.
Patos de Minas, única representante mineira entre os 100 maiores IFDMs do país, foi a melhor avaliada do estado (0,8586) no ranking geral, com alto desenvolvimento em Saúde e Educação e moderado em Emprego e Renda. A cidade lidera o ranking estadual, assim como os municípios de Poços de Caldas, Extrema, Lagoa Prata e Uberlândia estão entre as 10 melhores, desde 2015. Todas apresentaram alto desenvolvimento no índice geral do IFDM. Lagoa Santa e Perdigão, que passaram de regular para moderado, estão entre as 10 mais desenvolvidas, pela primeira vez, desde o início da série histórica. Porém, Minas Gerais é o estado com maior número de municípios com baixo desenvolvimento na vertente de Emprego e Renda. Última colocada no ranking mineiro, Bertópolis está entre os 100 menores IFDMs do país e, Crisólita, foi a única a recuar nas três áreas de desenvolvimento.
Das 842 cidades mineiras analisadas, mais da metade, 465, alcançaram desenvolvimento apenas regular em Emprego e Renda; 296 (35,2%) apresentaram baixo desenvolvimento e apenas 81 (9,6%) avançaram moderadamente.
Educação é o quesito em que as cidades mineiras mais se destacam: 60,1% apresentam alto desenvolvimento. Pela primeira vez desde o início da série histórica do IFDM, nenhum município mineiro ficou com nível de desenvolvimento regular ou baixo, e 69,3% avançaram nesta categoria em 2016, na comparação com 2015. Na vertente Saúde, quase metade dos municípios do estado conseguiram alto desenvolvimento, e 44,1% moderada. Comparado a 2015, houve avanço de 58,4% dos municípios mineiros, com maior influência do avanço do percentual de gestantes, que vão a sete ou mais consultas pré-natal.
Mercado de trabalho encolheu em
quase 60% das cidades brasileiras
Em relação à totalidade das cidades brasileiras, o estudo mostra que, na comparação com 2015, Educação e Saúde tiveram o menor avanço da última década. Nesta edição, o IFDM Brasil atingiu 0,6678 ponto – abaixo do nível observado em 2013. No resultado geral, que inclui a média das notas dos três indicadores (Emprego e Renda, Saúde e Educação) só 431 municípios (7,9%) tiveram alto desenvolvimento.
Em Emprego e Renda, o IFDM destaca que, entre 2015 e 2016, foram fechados quase 3 milhões de postos de trabalho formais no país. Em 2016, quase 60% das cidades fecharam postos de trabalho. Com isso, o indicador de Emprego e Renda do estudo registrou 0,4664 ponto, com pequena recuperação com relação a 2015 (0,4336). O movimento é explicado pelo aumento no rendimento real do trabalhador formal, em parte por conta da política de reajuste do salário mínimo.
Só cinco cidades alcançaram alto desenvolvimento nesse indicador: São Bento do Norte (RN), Capanema (PR), Telêmaco Borba (PR), Selvíria (MS) e Cristalina (GO). Foi o pior resultado da série histórica. O estudo destaca que a crise foi tão severa que mesmo que o IFDM Emprego e Renda cresça nos próximos anos com variação média de 1,5%, o país só alcançará o nível de 2013 em 2027. A recessão custou mais de uma década de desenvolvimento para o mercado de trabalho formal dos municípios.
O estudo revela que o país mantém enormes disparidades regionais: o Sul é a região mais desenvolvida, tendo 98,8% de cidades com desenvolvimento alto ou moderado. O Sudeste e o Centro-Oeste têm perfil semelhante. Já Norte e Nordeste têm, respectivamente, 60,2% e 50,1% dos municípios com desenvolvimento regular ou baixo. Florianópolis, com 0,8584, ocupa o primeiro lugar entre as capitais. No último lugar do ranking, com 0,3214, está Ipixuna, no Amazonas.
Desafios em Saúde e
Educação continuam grandes
Nesta edição o IFDM Saúde teve o menor avanço da última década (+1,6%). Entre as variáveis que compõem esse indicador, a que mais precisa se desenvolver é a de percentual de gestantes com sete ou mais consultas pré-natal, o recomendado pelo Ministério da Saúde. Em 2016, um terço (32,2%) delas não tiveram a quantidade mínima de consultas. A perspectiva não é positiva: caso a cobertura evolua na taxa média dos últimos três anos a universalização só será atingida em 2029.
O IFDM Educação também progrediu lentamente: foi o menor avanço da última década (+0,6%): os indicadores que compõem esse quesito continuam longe das metas definidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). A meta de universalizar a educação infantil na pré-escola, por exemplo, que deveria ter sido atingida em 2016, só deve ser alcançada em 2035 caso a taxa de crescimento permaneça em 1,2%.
Para o Sistema FIRJAN, políticas macroeconômicas para o equilíbrio fiscal e gestão eficiente dos recursos públicos são essenciais para que as cidades se recuperem e atinjam nível de desenvolvimento que atenda às necessidades dos brasileiros.