Das 500 cidades melhor avaliadas no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, sete são cearenses, com destaque para Eusébio que figura entre os 100 melhores do país
A crise econômica, que teve início em 2014 e causou forte recessão no país, fez com que o nível socioeconômico das cidades brasileiras retrocedesse três anos. É o que aponta o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (IFDM), divulgado pelo Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) com base em dados oficiais de 2016, últimos disponíveis. Apesar de somente três cidades terem registrado alto desenvolvimento de forma geral, o Ceará teve crescimento em relação ao ano anterior nas três vertentes analisadas: 63,4% dos municípios avançaram em Emprego e Renda, 65,8% em Educação e 73,4% em Saúde.
O índice monitora todas as cidades brasileiras e a avaliação varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1 maior o seu desenvolvimento. Cada uma delas é classificada em uma das quatro categorias do estudo: baixo desenvolvimento (de 0 a 0,4), desenvolvimento regular (0,4 a 0,6), desenvolvimento moderado (de 0,6 a 0,8) e alto desenvolvimento (0,8 a 1). São acompanhadas as áreas de Emprego e Renda, Saúde e Educação e avaliadas conquistas e desafios socioeconômicos de competência municipal: manutenção de ambiente de negócios propício à geração local de emprego e renda, Educação Infantil e Fundamental, e atenção básica em saúde. O IFDM avaliou 5.471 cidades. As novas, para as quais ainda não há dados, e aquelas com ausência, insuficiência ou inconsistência de informações, não foram analisadas.
Eusébio foi a cidade melhor avaliada do estado (0,8467), com alto desenvolvimento em Saúde e Educação e moderado em Emprego e Renda. Entre as 500 melhor avaliadas no país, sete são cearenses. As demais são, na ordem: Sobral, São Gonçalo do Amarante, Maracanaú, Horizonte, Jijoca de Jericoacoara e Frecheirinha. Todas apresentaram alto desenvolvimento em Saúde e em Educação. Em comparação a 2015, Jijoca de Jericoacoara apresentou o maior avanço no IFDM geral (8,3%) no Top 10 estadual, impulsionado pela vertente de Emprego e Renda.
Das 183 cidades cearenses analisadas, a classificação moderada é predominante, englobando 165 delas (90,2% do total analisado). Somando os municípios com alto desenvolvimento, o percentual de notas superior a 0,6 sobe para 91,8%, superior à média nacional, que é de 76,2%.
Saúde é o quesito em que as cidades cearenses mais se destacam: 97 (52,7%) apresentam alto desenvolvimento. No IFDM Educação, 54 dos municípios (31%) do estado conseguiram alto desenvolvimento, e é a única dentre as três áreas em que não houve cidades com desenvolvimento regular ou baixo. Em Emprego e Renda, apesar de 173 municípios registrarem desempenho regular ou baixo, 116 municípios do estado tiveram um avanço em relação ao ano anterior, sustentados pelo aumento da renda
Mercado de trabalho encolheu em
quase 60% das cidades brasileiras
Em relação à totalidade das cidades brasileiras, o estudo mostra que, na comparação com 2015, Educação e Saúde tiveram o menor avanço da última década. Nesta edição, o IFDM Brasil atingiu 0,6678 ponto – abaixo do nível observado em 2013. No resultado geral, que inclui a média das notas dos três indicadores (Emprego e Renda, Saúde e Educação) só 431 municípios (7,9%) tiveram alto desenvolvimento.
Em Emprego e Renda, o IFDM destaca que, entre 2015 e 2016, foram fechados quase 3 milhões de postos de trabalho formais no país. Em 2016, quase 60% das cidades fecharam postos de trabalho. Com isso, o indicador de Emprego e Renda do estudo registrou 0,4664 ponto, com pequena recuperação com relação a 2015 (0,4336). O movimento é explicado pelo aumento no rendimento real do trabalhador formal, em parte por conta da política de reajuste do salário mínimo.
Só cinco cidades alcançaram alto desenvolvimento nesse indicador: São Bento do Norte (RN), Capanema (PR), Telêmaco Borba (PR), Selvíria (MS) e Cristalina (GO). Foi o pior resultado da série histórica. O estudo destaca que a crise foi tão severa que mesmo que o IFDM Emprego e Renda cresça nos próximos anos com variação média de 1,5%, o país só alcançará o nível de 2013 em 2027. A recessão custou mais de uma década de desenvolvimento para o mercado de trabalho formal dos municípios.
O estudo revela que o país mantém enormes disparidades regionais: o Sul é a região mais desenvolvida, tendo 98,8% de cidades com desenvolvimento alto ou moderado. O Sudeste e o Centro-Oeste têm perfil semelhante. Já Norte e Nordeste têm, respectivamente, 60,2% e 50,1% dos municípios com desenvolvimento regular ou baixo. Florianópolis, com 0,8584, ocupa o primeiro lugar entre as capitais. No último lugar do ranking, com 0,3214, está Ipixuna, no Amazonas.
Desafios em Saúde e
Educação continuam grandes
Nesta edição o IFDM Saúde teve o menor avanço da última década (1,6%). Entre as variáveis que compõem esse indicador, a que mais precisa se desenvolver é a de percentual de gestantes com sete ou mais consultas pré-natal, o recomendado pelo Ministério da Saúde. Em 2016, um terço (32,2%) delas não tiveram a quantidade mínima de consultas. A perspectiva não é positiva: caso a cobertura evolua na taxa média dos últimos três anos a universalização só será atingida em 2029.
O IFDM Educação também progrediu lentamente: foi o menor avanço da última década (0,6%): os indicadores que compõem esse quesito continuam longe das metas definidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). A meta de universalizar a educação infantil na pré-escola, por exemplo, que deveria ter sido atingida em 2016, só deve ser alcançada em 2035 caso a taxa de crescimento permaneça em 1,2%.
Para o Sistema FIRJAN, políticas macroeconômicas para o equilíbrio fiscal e gestão eficiente dos recursos públicos são essenciais para que as cidades se recuperem e atinjam nível de desenvolvimento que atenda às necessidades dos brasileiros.