O principal desafio à promoção da inovação na indústria de alimentos e bebidas é o empresário estar aberto às novas soluções propostas por jovens empreendedores e startups. Segundo José Alberto Aranha, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o setor enfrenta mudanças de hábitos e culturas e é preciso deixar o conservadorismo de lado.
De que maneira? A solução para a competitividade – acrescenta ele – não está numa área interna de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e sim na abertura a novas ideias externas. “É preciso sair da fábrica e se relacionar. As startups estão fazendo as grandes rupturas que vão mudar as empresas”, aconselha.
Para Katia Espírito Santo, vice-presidente do Fórum Setorial da Cadeia de Alimentos e Bebidas da Firjan, a união de diferentes expertises é fundamental para o setor enfrentar novos desafios e conquistar mercados. “Temos que conectar a visão tradicional de gestão à inovação. É um passo para nos tornamos mais competitivos”.
Confira a entrevista de José Alberto Aranha, da Anprotec:
O que há de mais desafiador neste momento para a indústria de alimentos e bebidas?
Há um problema enorme de distância entre gerações. As empresas do setor precisam se conectar a jovens empreendedores, que procuram oportunidades para executar suas ideias, considerando as questões reais de uma indústria de alimentos e bebidas. Dessa interação podem surgir novas soluções promissoras, que impulsionarão os negócios.
Por esse prisma, seria um momento de oportunidade também?
Hoje o problema é criar uma rede de relacionamentos, não manter uma área interna de pesquisa e desenvolvimento. Muitos empresários dizem não ter tempo para isso. Mas, como muitas empresas do setor são familiares, vejo uma oportunidade para inclusive se estruturar um plano de sucessão.
O primeiro passo é identificar um filho ou uma sobrinha, por exemplo, que tenha interesse no negócio e possa colaborar como um novo olhar. Os jovens estão ansiosos para encontrar oportunidade de tirar suas ideias do papel.
Qual o papel das startups no atual contexto? Elas já estão sendo procuradas pelas empresas?
Sim, mas pelas grandes. No entanto estamos precisando delas nas médias e pequenas indústrias, que também têm desafios. É muito difícil que uma pessoa conservadora consiga, sozinha, implantar processos de inovação. O melhor caminho é procurar alguém mais jovem para tocar essa área, trazer ideias, oxigenar as propostas.
Estamos falando de gerações diferentes, o que significa culturas distintas. Nem sempre é fácil que uma empresa de alimentos e bebidas, gerenciada por uma geração mais conservadora, consiga investir em ‘tentativa e erro’, e insistir em ficar tentando coisas novas. As startups estão fazendo as grandes rupturas que vão mudar as empresas.
José Alberto Aranha participou do Fórum Setorial da Cadeia de Alimentos e Bebidas da Firjan, em 13 de março.